quarta-feira, 30 de março de 2011

POR QUE AS PESSOAS MIGRAM?


"Por que as pessoas migram? Eis uma pergunta tradicional que nunca recebeu uma resposta completa, mas que deu ensejo a muitas publicações e debates. A questão básica envolve o peso dos fatores de expulsão ou de atração e a maneira como se equilibram. Para começar, deve-se dizer que a maioria dos migrantes não deseja abandonar suas casas nem suas comunidades. Se pudessem escolher, todos - com exceção dos poucos que anseiam por mudanças e aventuras - permaneceriam em seus locais de origem. A migração, portanto, não começa até que as pessoas descobrem que não conseguirão sobreviver com seus meios tradicionais em suas comunidades de origem. Na grande maioria dos casos, não logram permanecer no local porque não têm como alimentar-se nem a si próprias nem a seus filhos. Num número menor de casos, dá-se a migração ou porque as pessoas são perseguidas por sua nacionalidade - como as minorias dentro de uma cultura nacional maior - ou seu credo religioso minoritário (dos judeus aos menonitas e aos dissidentes da Igreja russa ortodoxa) é atacado pelo grupo religioso dominante.
Uma vez que as condições econômicas constituem o fator de expulsão mais importante, é essencial saber por que mudam as condições e quais são os fatores responsáveis pelo agravamento da situação crítica que afeta a capacidade potencial dos emigrantes de enfrentá-la. Nessa fórmula, três fatores são dominantes: o primeiro é o acesso à terra e, portanto, ao alimento; o segundo, a variação da produtividade da terra; e o terceiro, o número de membros da família que precisam ser mantidos. Na primeira categoria estão as questões que envolvem a mudança dos direitos sobre a terra, suscitadas via de regra pela variação da produtividade das colheitas, causada, por sua vez, pela modernização agrícola em resposta ao crescimento populacional. Nas grandes migrações dos séculos XIX e XX - época em que chegaram à América mais de dois terços dos migrantes -, o que de fato contava era uma combinação desses três fatores."
KLEIN, Herbert S. Migração internacional na história das Américas. In: FAUSTO, Boris. Fazer a América? A imigração em massa para a América Latina. São Paulo: Edusp, 2000. p. 13-14.

4 comentários:

  1. Gostaria de saber a origem bibliografica da historia das três peneiras (Socratica / platonica com embasamento acadêmico / ciêntifico além do senso comum. Obrigada

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  2. Olá,
    estritamente falando em referência bibliográfica ou acadêmica pontual, eu não saberia responder, mesmo porque, até agora, nunca encontrei livros que o citasse dessa maneira, sempre como comentários informais. Dessa forma, excluída a primeira alternativa (acamêmico/científico), resta-nos ainda o senso comum, que apesar de fragmentado, nos ajuda a viver. Talvez a base para essa construção das "peneiras de Sócrates" venha daí. Talvez deva ser de alguém que, conhecedor da experiência de vida e conhecedor de algumas passagens da vida de Sócrates, tenha juntado esses dois e escrito sob essa forma. Ademais, acadêmico ou não, científico ou não, senso comum ou não, as "peneiras de Sócrates" nos ajudam em nossas atitudes. O comportamento das pessoas (incluindo o nosso!) seria muito mais harmonioso se pudéssemos seguir esses conselhos. Vê, não se trata de uma lei, mas de conselho. Vou até aqui. A propósito, quando publicar as "peneiras" na secção "sinta-se bem", poderíamos transcrever esse seu comentário para lá - o que você me diz disso? Até mais.

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  3. oq é contextualização historica ? Alguem ajudaa

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