sábado, 27 de fevereiro de 2010

FRAGMENTOS (Platao)

PLATÃO (427-348 a.C.)

Platão foi discípulo de Sócrates e, como outros jovens de sua época, aproximou-se do mestre para preparar-se para o exercício da vida política. Atenas era uma cidade em transformação no tempo de Platão: a instabilidade de governos, oscilando entre regimes oligárquicos e a democracia – que condenou Sócrates à morte –, a Guerra do Peloponeso. Estes temas marcaram a vida e a obra de Platão.
A obra de Platão é, provavelmente, a mais discutida na História da Filosofia. A partir de sua obra tivemos várias leitura s e interpretações: de visões religiosas a posturas políticas sempre houve um grande debate sem torno das afirmações do fundador da Academia. A tradição cristã, por exemplo, enfatizou a questão da imortalidade da alma; no séc. XIX, foi apresentado como um puro racionalista que identificava realidade e inteligência.
O estilo literário de Platão é facilmente reconhecido. A obra possui uma estrutura de diálogos, que foram intitulados com o nome do principal debatedor que dialogava com Sócrates, personagem central em todos eles. A figura de Sócrates, inclusive é um dos critérios para definir a obra de Platão. Nos primeiros diálogos (também chamados de socráticos), há exposição do que é o próprio Sócrates; nos diálogos posteriores (não-socráticos), Sócrates torna-se uma personagem, e Platão desenvolve seus argumentos para demonstrar sua teoria e compõem uma obra articulada.
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FRAGMENTOS
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1. Alegoria da Caverna
No fragmento a seguir está exposto o conceito que o filósofo tem sobre o mundo das idéias.

“Vamos imaginar um grupo de pessoas morando numa caverna. Os moradores estão ao desde sua infância, presos por correntes nas pernas e no pescoço. Assim, eles não conseguem mover-se nem virar a cabeça para trás: só pode, ver o que se passa a sua frente. A luz que chega ao fundo da caverna vem de uma fogueira que fica sobre um monte atrás dos prisioneiros, lá fora. Entre esse fogo e os moradores da caverna, existe um caminho, com um pequeno muro, semelhante ao tabique atrás do qual os apresentadores de fantoches se colocam para exibir seus bonecos ao público. Agora imagine que por esse caminho as pessoas transportam sobre a cabeça objetos de todos os tipos: por exemplo. Estatuetas de figuras humanas e de animais. Numa situação como essa, a única coisa que os prisioneiros poderiam ver e conhecer seriam as sombras projetadas na parede a sua frente. Se eles pudessem conversar entre si, diriam que eram objetos reais as sombras que estavam vendo. Além disso, quando alguém falasse lá em cima, os prisioneiros pensariam que os sons eram emitidos pelas sombras. Pense agora no que aconteceria se libertassem um dos presos e o forçassem a ir para fora da caverna. Ofuscado, ele sofreria, não conseguindo perceber os objetos dos quais só conhecera as sombras. Ele precisaria habituar-se à luz para olhar as coisas no exterior da caverna. A princípio, veria melhor as sombras. Depois, refletida nas águas, perceberia a imagem dos homens e dos outros seres. Só mais tarde é que conseguiria distinguir os próprios seres. Depois de passar por essa experiência, durante a noite poderia contemplar o céu, as estrelas e a Lua, com muito mais facilidade do que o Sol e a luz do dia. Imagine então que esse homem voltasse à caverna e se sentasse em seu antigo lugar. Ao retornar para o fundo, ele ficara temporariamente cego em meio às trevas. Enquanto ainda estivesse com a vista confusa, seus companheiros ririam dele, se ele tentasse convencê-los sobre a verdadeira realidade das coisas que ali são vistas como sombras. Os prisioneiros diriam que a subida para o mundo exterior lhe prejudicara a vista e que, portanto, não valia a pena chegar até lá.”
(PLATÃO. A República)

O mito da caverna: Platão criou uma alegoria, conhecida como mito da caverna, que serve para explicar a evolução do processo de conhecimento.
Segundo ele, a maioria dos seres humanos se encontra como prisioneira de uma caverna, permanecendo de costas para a abertura luminosa e de frente para a parede escura do fundo. Devido a uma luz que entra na caverna, o prisioneiro contempla na parede do fundo as projeções dos seres que compõem a realidade. Acostumado a ver somente essas projeções, assume a ilusão do que vê, as sombras do real, como se fosse a verdadeira realidade.
Se escapasse da caverna e alcançasse o mundo luminoso da realidade, ficaria livre da ilusão. Mas, estando acostumado às sombras, às ilusões, teria de habituar os olhos à visão do real: primeiro olharia as estrelas da noite, depois as imagens das coisas refletidas nas águas tranqüilas, até que pudesse encarar diretamente o Sol e enxergar a fonte de toda a luminosidade.
(COTRIM, G. Fundamentos da filosofia, p.99)


2.O Banquete
Há na doutrina platônica sobre a alma, um outro elemento importante: Eros, o amor. Platão ensinava que Eros é uma força que instiga a alma para atingir o bem; ele não cessa de mover a alma enquanto essa não for satisfeita. O bem almejado é determinado pela parte da alma que prevalecer sobre as outras. Se fosse a sensual, por exemplo, a alam não buscaria um bem verdadeiro, pois procuraria a satisfação dos desejos que Platão julgava os mais baixos, como o apetite e a ganância. Segundo o filósofo, o melhor que a alma seja conduzida por sua parte racional e que utilize a energia inesgotável do amor para se dirigir ao bem verdadeiro – que compreende a justiça, a honra, a fidelidade; em suam as virtudes supremas.

Aristófanes: “Muito e muito tempo atrás, os seres humanos eram esféricos e tinham quatro de tudo que hoje têm apenas dois, e dois de tudo que agora têm somente um. Eram poderosos e bastantes ousados, e por isso Zeus dividiu todas as pessoas em duas, e desde então, elas têm procurado as suas outras metades. Isso é amor!”
Sócrates: “O amor é o desejo de beleza. Para amar verdadeiramente, devemos progredir do desejo por um corpo belo para o amor por belos pensamentos, leis, instituições, até que adquiramos uma visão mística do Bem, da Verdade, da Beleza!”
(PLATÃO. O Banquete)
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3. Político
“Será a violência justa, por ser rico o seu autor, e injusta, por ser ele pobre? Ou seria melhor dizer que o chefe pode ou não lançar mão da persuasão, se rico ou pobre, ater-se às leis escritas ou livrar-se delas, desde que governe utilmente? Não é nisso que reside a verdadeira fórmula de uma administração correta da cidade, segundo a qual o homem sábio e bom administrará os interesses de seu povo? Da mesma forma como o piloto, longe de escrever um código, mas tendo sempre sua atenção voltada para o bem do navio e seus marinheiros, estabelece a sua ciência como lei e salva tudo o que com ele navega, assim também, de igual modo, os chefes capazes de praticar esse método realizarão a constituição verdadeira, fazendo de sua arte uma força mais poderosa do que as leis. E não será verdade que os chefes sensatos podem fazer tudo, sem risco de erro, desde que observem esta única e grande regra: distribuir em todas as ocasiões, entre todos os cidadãos, uma justiça perfeita, penetrada de razão e ciência, conseguido não somente preservá-la, mas também, na medida do possível, torná-la melhor?”
(PLATÃO. Político)

FRAGMENTOS (Pre socraticos)

Fragmentos[1]

Tales de Mileto (c. 624-574 a.C): (Doxografia)
1- Tales afirmava que a terra flutua sobre a água. Mover-se-ia como um navio; e quando se diz que ela treme, em verdade flutuaria em conseqüência do movi­mento da água. (Sêneca. Nat. Quaest. 111,4)
2- Outros julgavam que a terra repousa sobre a água. Esta é a mais antiga doutrina por nós conhecida e teria sido defendida por Tales de Mileto. (Aristóteles. De Coelo. 813, 294a 28)
3- A maior parte dos filósofos antigos concebia somente princípios materiais como origem de todas as coisas ( ... ) Tales, o criador de semelhante filosofia, diz que a água é o princípio de todas as coisas. (Aristóteles. Metafísica. 1,3).

Anaximandro (c.547-610 a.C):
1- Todas as coisas se dissipam onde tiveram a sua gênese, conforme a necessi­dade; pois pagam umas às outras castigo e expiação pela injustiça, confor­me a determinação do tempo.
2- O ilimitado é eterno.
3- O ilimitado é imortal e indissolúvel.
Anaxímenes de Mileto (c.585 a.C-c.528-525 a.C):
1- Como nossa alma, que é ar, nos governa e sustém, assim também o corpo e o ar abraçam todo o cosmos.

Heráclito de Éfeso (séc. VI a.C):
8- Tudo se faz por contraste: da luta dos contrários nasce a mais bela harmonia. 10- Correlações: completo e incompleto, concorde e discorde, harmonia e desar­monia, e de todas as coisas, um, e de um, todas as coisas.
12- Para os que entram nos mesmos rios, correm outras e novas águas. Mas tam­bém são exaladas do úmido.
49a- Descemos e não descemos nos mesmos rios; somos e não somos.
50- (Heráclito afirma a unidade de todas as coisas: do separado e do não separado, do gerado e do não gerado, do mortal e do imortal, da palavra (Iogos) e do eterno, do pai e do filho, de Deus e da justiça). É sábio os que ouviram, não a mim, mas as minhas palavras (Iogos), reconheçam que todas as coisas' são um.
88- Em nós, manifesta-se sempre uma e a mesma coisa: vida e morte, vigília e sono, juventude e velhice. Pois a mudança de um dá o outro e reciprocamente.

Pitágoras (séc. VI a.C): (Doxografia)
4- O que Pitágoras dizia a seus discípulos, ninguém pode saber com segurança, pois nem o silêncio era casual entre eles. Contudo, eram especialmente conhe­cidas, conforme o juízo de todos, as seguintes doutrinas: 1) a que afirma ser a alma imortal; 2) que transmigra de uma a outra espécie animal; 3) que dentro de certos períodos, o que já aconteceu uma vez, torna a acontecer, e nada é absolutamente novo, e 4) que é necessário julgar que todos os seres animados estão unidos por laços de parentesco. De fato, parece ter sido Pitágoras que introduziu por primeira vez estas crenças na Grécia.

Parmênides de Eléia (séc. VI-Va.C):
3- Pensar e ser é o mesmo.
6- Necessário é dizer e pensar que só o ser é; pois o ser é, e o nada, ao contrário, nada é: afirmação que bem deves considerar. ( ... )
8- Resta-nos assim um único caminho: o ser é. Neste caminho há grande número de indícios: não sendo gerado, é também imperecível; possui, com efeito, uma estrutura inteira, inabalável e sem meta; jamais foi nem será, pois é, no instante presente, todo inteiro, uno, contínuo. Que geração se lhe poderia encontrar? Como, de onde cresceria? Não te permitirei dizer, nem pensar o seu crescer do não-ser. Pois não é possível dizer nem pensar que o não-ser é. Se viesse do nada, qual necessidade teria provocado seu surgimento mais cedo ou mais tarde? Assim pois, é necessário ser absolutamente ou não ser. ( ... )

Anaxágoras (c.500-428 a.C):
1- Todas as coisas estavam juntas, ilimitadas em número e pequenez; pois o pequeno era ilimitado. E enquanto todas as coisas estavam juntas, nenhuma delas podia ser reconhecida devido a sua pequenez. Pois o ar e o éter preva­leciam sobre todas as coisas, ambos ilimitados. Pois, no conjunto de todas as coisas, estas são as maiores, tanto em quantidade como em grandeza.

Diógenes de Apolônia (séc. Va.C):
1- Quem começa um discurso, deve, parece-me, tomar um ponto de partida incontestável e exprimi-Io de maneira simples e digna.
2- A minha maneira de ver, para tudo resumir, é que todas as coisas são dife­renciações de uma mesma coisa e são a mesma coisa. E isto é evidente. Porque se as coisas que são agora neste mundo - terra, água, ar e fogo e as outras coisas que se manifestam neste mundo -, se algumas destas coisas fosse diferente de qualquer outra, diferente de sua natureza própria, e não permanecesse a mesma coisa em suas muitas mudanças e diferenciações, então não poderiam as coisas, de nenhuma maneira, misturar-se umas às outras, nem fazer bem ou mal umas às outras, nem a planta poderia brotar da terra, nem um animal ou qualquer outra coisa vir à existência, se todas as coisas não fossem compostas de modo a serem as mesmas. Todas as coisas nascem, através de diferenciações, de uma mesma coisa, ora em uma forma, retomando sempre à mesma coisa.

Demócrito de Abdera (c.460-370 a.C):
3- Aquele que quiser viver em tranqüilidade não se deve agitar demasiado, nem em sua vida particular, nem em sua vida coletiva; o que faz, não deve ir além de sua própria força e de sua natureza; e deve tomar cuidado para que quando vier a fortuna e tentar seduzi-I o, através de sua opinião, à desmedida, possa afasta-Ia e guardar somente aquilo que estiver de acordo com suas forças. Pois a plenitude comedida é mais segura do que a desmedida.
181- Melhor (educador) para a virtude mostrar-se-á aquele que usar o encorajamento e a palavra persuasiva, do que o que se servir da lei e da coerção. Pois quem evita o injusto apenas por temor à lei, provavelmente cometerá o mal em segredo; quem, ao contrário, for levado ao dever pela convicção, provavel­mente não cometerá o injusto nem em segredo nem abertamente. Por isso, quem agir corretamente com compreensão e entendimento, mostrar-se-á cora­joso e correto de pensamento.
264- Não se deve temer mais aos outros do que a si próprio, como não se deve praticar o mal sob pretexto de que ninguém ou a Humanidade inteira o saberá. Muito mais, é a nós próprios que devemos temer, e nada de mal deve ser a lei da alma.
9- Em verdade, nada aprendemos que seja infalível, mas somente o que nos vem através da disposição momentânea do nosso corpo e dos átomos que nos atingem ou se lhe opõem.

[1] Todas as citações dos pré-socráticos, bem como a numeração correspondente, foram extraídas de BORNHEIM, G. (org.) Os filósofos pré-socráticos. 5" ed. S. Paulo: Cultrix, 1985
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FONTE (ARANHA, M.L.; MARTINS, M.H.P. Filosofando. S.Paulo: 2004, págs.118-119; FRANÇA, L. Noções de história da filosofia. R.Janeiro: Agir, 1949, págs.34 e 39; MARCONDES, D. Textos básicos de filosofia. R.Janeiro: Jorge Zahar, 2005, págs.11-12; JAPIASSÚ, H., MARCONDES. Dicionário básico de filosofia. R.Janeiro: Jorge Zahar, 1996)

PRE SOCRATICOS (diversos)

TALES (C. 624-548 a. C.), de Mileto, fenício de origem, fun­dador da escola. É o mais antigo filósofo grego. Levado, talvez, por alguns fatos ingenuamente observados e por lendas tradicionais, afirmou ser água o princípio gerador de todas as coisas, o arch (arché). Cultivou também as matemáticas e a astronomia, predizendo, pela primeira vez, entre os gregos, os eclipses do sol e da lua.

ANAXIMANDRO (c.611-547a. C.), de Mileto, discípulo e su­cessor de Tales e autor de um tratado Da Natureza, põe como prin­cípio universal uma substância indefinida, apeiron (apeíron), isto é, quantita­tivamente infinita e qualitativamente indeterminada. Deste apeiron primitivo, dotado de vida e imortalidade, por um processo de sepa­ração ou "segregação" derivam os diferentes corpos. Supõe tam­bém a geração espontânea dos seres vivos e a transformação dos peixes em homens.

ANAXÍMENES (c. 588-524 a. C.), também de Mileto, cole­ga de Anaximandro, levado talvez pela importância da respiração na economia vital, estabelece como elemento primitivo ar, do qual por um processo de rarefação se origina o fogo, e por condensação a água; depois a terra e posteriormente os demais seres .
Tanto Anaximandro como Anaxímenes ensinam uma espécie de palingenesia ou formação e destruição periódica de todas as coisas.
Atribuindo vida à matéria e identificando a divindade com o elemento primitivo gerador dos seres, os antigos jônios professavam o hilozoísmo e o panteísmo naturalista.

FILOLAU, também um filósofo grego (Nascido em Crotona ou em Tarento) que viveu no séc. V a.C.; pitagórico; fundou uma escola pitagórica em Tebas e foi um dos primeiros a divulgar o pensamento de Pitágoras. Restam apenas fragmentos de suas obras.

PITÁGORAS (séc. VI a.C.), nascido em Samos, foi quem inventou a palavra filosofia. Deixou duas doutrinas célebres: a divindade no número e a crença na metempsicose (migração das almas de corpo em corpo). Percorreu o mundo conhecido, pregando sua doutrina, uma espécie de seita, um orfismo renovado, fundada numa mística comportando uma regra de vida por iniciação secreta, por ritos para o êxtase onde a alma seria desligada do corpo (prisão da alma).
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PARMÊNIDES (C.544-450 a. C.), nascido em Eléia, dizia que a mudança e o movimento são ilusões. O devir não passa de uma aparência. São nossos sentidos que nos levam a crer no fluxo incessante dos fenômenos. O que é real é o Ser único, imóvel, imutável, eterno e oculto sob o véu das aparências múltiplas. “O ser é; o não-ser não é”.

ZENÃO DE ELÉIA (séc V a. C.), da escola eleática; foi discípulo de Parmênide e notabilizou-se sobretudo por seus paradoxos acerca do tempo, com os quais pretendeu refutar o mobilismo e o pitagorismo, demonstrando a incoerência do pluralismo e da noção de movimento, através do método de redução ao absurdo.

XENÓFANES (Séc. IV a. C.), nascido em Colofão, e fundador da escola eleática. Opondo-se aos jônicos, afirmava a unidade e a imobilidades do Ser: as mudanças não passam de aparências. Ridicularizou os deuses mitológicos e zombou das honrarias conferidas aos atletas olímpicos, porque “o nosso saber vale muito mais do que o vigor dos homens... Não é justo preferir a força ao vigor do saber”. Para ele, a substância primitiva e fundamento de tudo é a terra, “pois tudo sai da terra e volta à terra”.

LEUCIPO (séc V a. C.), criador do atomismo ou teoria atomista. Considerado discípulo de Pamênides ou de Zenão de Eléia, pouco se sabe de sua vida. Segundo Diógenes Laércio, Leucipo acreditava que o universo é infinito, possuindo uma parte cheia e outra vazia. A parte cheia seria constituída por “elementos”: os átomos girando em forma de torvelinho. Esse movimento dos átomos não possui lugar, obedecendo à razão e à necessidade.

DEMÓCRITO (C.460-c.370 a. C.), nascido em Abdera, foi um filósofo atomista e considerado o primeiro pensador materialista. Para solucionar o problema de Parmênides e dos eleatas, fazendo do ser uma unidade fechada e imutável e tornando incompreensível o movimento, desenvolveu o atomismo, a teoria do átomo criada por Leucipo e destinada a conciliar o ser imóvel dos eleatas com a pluralidade mobilista de Heráclito.

EMPÉDOCLES (483-430 a. C.), nascido em Agrigento, propôs uma explicação geral do mundo considerando todas as coisas como resultantes da fusão dos quatro princípios eternos e indestrutíveis: terra, fogo, ar e água. Esses princípios, ou elementos, são misturados ou separados pelo amor e pelo ódio.

ANAXÁGORAS (499-428 a. C.), nascido em Clazomenas, na Ásia Menor, considerado o fundados da escola filosófica de Atenas. Amigo e partidário de Péricles, foi acusado de impiedade e de ateísmo por seus inimigos, pois se recusava a prestar culto aos deuses nacionais. Banidos de Atenas em 434 a.C., morreu em Lâmpsaco. Foi considerado como sendo “o primeiro que acrescentou a inteligência (nous) à matéria (hylé)”.


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FONTES (ARANHA, M.L.; MARTINS, M.H.P. Filosofando. S.Paulo: 2004, págs.118-119; FRANÇA, L. Noções de história da filosofia. R.Janeiro: Agir, 1949, págs.34 e 39; MARCONDES, D. Textos básicos de filosofia. R.Janeiro: Jorge Zahar, 2005, págs.11-12; JAPIASSÚ, H., MARCONDES. Dicionário básico de filosofia. R.Janeiro: Jorge Zahar, 1996).

PRE SOCRATICOS

1 - Introdução

Costuma-se dividir a filosofia grega em três grandes períodos, que veremos a seguir.
* período pré-socrático (sécs. VII e VI a.C); os filósofos das colônias gregas (Jônia e Magna Grécia iniciam o processo de desligamento entre a filosofia e o pensamento mítico.
* período socrático ou clássico (sécs. V e IV a.C.) o centro cultural passa a ser Atenas; desse período fazem parte Sócrates e seu discípulo Platão, que posteriormente foi mestre de Aristóteles; o pensamento organizado e sistemático de Platão e Aristóteles influenciará durante séculos a cultura ocidental; também os sofistas são deste período e foram duramente criticados por seus contemporâneos.
* período pós-socrático (sécs. III e II a.C.): caracteriza-se pela expansão macedônica sobre os territórios gregos e formação do império de Alexandre Magno, que se estende por regiões da Ásia e parte do norte da África; após a morte de Alexandre, inicia-se a época helenística, marcada pela influência oriental; as principais expressões filosóficas do período pós-socrático são o estoicismo e o epicurismo.


2 - O que foi o período dos pré-socráticos

Os pré-socráticos foram os primeiros pensadores que, nas cidades gregas da Ásia Menor por volta do séc. VI a.C.,procuraram desenvolver formas de explicação da realidade natural, do mundo que os cercava, independentemente do apelo a divindades e a forças sobrenaturais. É nesse sentido que dizemos que os filósofos pré-socráticos romperam com a tradição mítica, e é por isso também que deno­minamos seu pensamento de naturalista, por visar explicar a natureza (physis)a partir dela própria, entender os fenômenos com base em causas puramente naturais.
Dos pré-socráticos conhecemos apenas fragmentos e isso demonstra a dificuldade para estudos sistemáticos ao longo da História da Filosofia sobre esses autores. Há uma linguagem diferente e, em alguns casos, nada destes filósofos foi preservado, restando referências apenas a partir de citações realizadas por outros nomes da Antiguidade, como Platão e Aristóteles. Esta "escassez" de fontes, no entanto, não deve limitar o alcance e a contribuição dos pré-socráticos para a tradição filosófica posterior. Os pequenos fragmentos que nos restam servem para apontar a busca de uma totalidade que marcou e ainda marca diversas obras filosóficas.
Os pré-socráticos são agrupados em "escolas" pautadas por critérios geográficos e "temáticos". Nem todos os pré-socráticos viveram antes de Sócrates, mas são assim denominados por suas investigações sobre a physis.

3. Principais representantes das escolas pré-socráticas

Escola Jônica (Ásia Menor): Tales de Mileto, Anaximandro, Anaxímenes, Heráclito de Éfeso, Diógenes de Apolônia.

Escola Pitagórica (Magna Grécia): Pitágoras de Samos, Filolau de Crotona.

Escola Eleata (Magna Grécia): Parmênides de Eléia, Zenão de Eléia, Xenófanes de Colofão.

Escola Atomista (Trácia): Leucipo e Demócrito de Abdera.

Outros filósofos: Empédocles de Agrigento, Anaxágoras de Clazomena.
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FONTES (ARANHA, M.L.; MARTINS, M.H.P. Filosofando. S.Paulo: 2004, págs.118-119
FRANÇA, L. Noções de história da filosofia. R.Janeiro: Agir, 1949, págs.34 e 39.
MARCONDES, D. Textos básicos de filosofia. R.Janeiro: Jorge Zahar, 2005, págs.11-12.
JAPIASSÚ, H., MARCONDES. Dicionário básico de filosofia. R.Janeiro: Jorge Zahar, 1996).

CIDADAO x CIDADANIA

Origem das palavras "cidadão" e "cidadania"

Depois de observado que o direito à cidadania nem sempre foi um direito universal, passemos a identificar, a partir dos conhecimentos armazenados a respeito do assunto, as origens dos termos "cidadão" e "cidadania".
A origem do termo "cidadão" remonta à Antiguidade Clássica e a uma forma de organização social específica, que se difundiu no Mediterrâneo a partir do século IX a.c.: as cidades-Estado. Os "cidadãos" eram os membros da comunidade que detinham o privilégio de participar integralmente de todo o ciclo da vida cotidiana da cidade-Estado, ou seja, das decisões políticas, da elaboração das regras, das festividades, dos rituais religiosos, da vida pública etc. Eram os únicos considerados indivíduos plenos e livres, com direitos e garantias sobre sua pessoa e seus bens.
É importante ressaltar que existiam variações entre as diversas cidades-Estado (Atenas, Esparta e Tebas, por exemplo), não havendo um princípio universal que definisse a condição de cidadão. Além disso, os critérios para integração ao corpo de cidadãos variaram ao longo do tempo, e as cidades se tornaram mais ou menos abertas ou fechadas dependendo da época. Porém, é possível indicar três grupos, entre o restante da população, que geralmente não integravam o conjunto dos cidadãos:
* os estrangeiros residentes que, embora participassem da vida econômica da cidade, não tinham direito à propriedade privada e não podiam participar das decisões políticas;
* populações submetidas ao controle militar da cidade-Estado após a conquista, como os periecos e hilotas;

Os periecos são habitantes dos arredores de algumas cidades gregas, que podiam se dedicar livremente aos trabalhos agrícolas, ao artesanato e ao comércio. Embora não fossem cidadãos, mantinham-se leais à cidade-Estado à qual estavam ligados. Os hilotas constituíam uma classe de servos ligados a terra, cultivavam os lotes que o Estado atribuía aos seus proprietários, a quem deviam obediência (CHAMOUX, A civilização grega, 2003, p.215).

* os escravos, que realizavam todo e qualquer tipo de oficio, desde as atividades agrícolas às artesanais, e eram utilizados, sobretudo, nos serviços domésticos. Os escravos não tinham acesso à esfera pública ou a quaisquer direitos.

É importante observar que, na Grécia Clássica, as mulheres também não tinham direito à participação política. No tocante às diferenças etárias, prevalecia a autoridade dos mais velhos sobre os mais jovens, uma vez que havia limites etários para os cargos mais importantes e atribuições de poderes diferenciadas aos conselhos de anciãos.

A palavra cidadania deriva do latim civis (ser humano livre), que gerou civitas (cidadania). Cidadania é uma abstração derivada da junção dos cidadãos e, para os romanos, cidadania, cidade e Estado constituem um único conceito - e só pode haver esse cole­tivo se houver, antes, cidadãos (FUNARI, A cidadania entre os romanos. apud: PINSKY, Jaime; PINSKY, Carla (Orgs.). História da Cidadania. São Paulo: Editora Contexto, 4ª ed. 2ª reimpressão, novo 2008. p. 49 http://www.editoracontexto.com.br/).

Isso significa que, para os romanos, a cidadania ainda não constituía o conjunto de ideias e valores a ser defendidos, tal como concebemos hoje, mas o próprio Estado romano. Em Roma, o direito à cidadania era baseado na noção de liberdade, então só podia ser concedido aos indivíduos que não se encontravam em situação de submissão ou sujeição a outra pessoa.

"Uma vez obtida, a cidadania romana trazia consigo privilégios legais e fiscais importantes, pois permitia ao seu portador o direito e a obrigação de seguir as práticas legais do direito romano em contratos, testamentos, casamentos, direitos de propriedade e de guarda de indivíduos sob sua tutela (como as mulheres da família e parentes homens com menos de 25 anos) (FUNARI, A cidadania entre os romanos. apud: PINSKY, Jaime; PINSKY, Carla (Orgs.). História da Cidadania. São Paulo: Editora Contexto, 4ª ed. 2ª reimpressão, novo 2008. p. 66 http://www.editoracontexto.com.br/).

Desse modo, não eram considerados cidadãos os escravos e os chamados clientes, que deviam fidelidade ao seu patrono em troca de benefícios. Inicialmente, ser cidadão romano era um privilégio reservado apenas aos grandes proprietários rurais, que detinham o monopólio dos cargos públicos e religiosos e o acesso às posições mais importantes na hierarquia militar (patrícios).
A história de Roma se caracteriza por uma profunda luta pela ampliação dos direitos ligados à cidadania pelo restante da população livre (a chamada plebe), como a propriedade da terra conquistada, o fim da escravidão por dívidas, a ocupação de cargos públicos e o voto no Senado.
É pertinente tomar a cidadania no mundo antigo como referência para compreendê-la no mundo moderno. Desse modo, qual, de fato, a importância de estudarmos a origem dos termos cidadão e cidadania e as concepções que os antigos gregos e romanos tinham acerca dessas condições?

[...] a imagem que faziam da cidade antiga, no entanto, era idealizada e falsa. A cidadania nos Estados nacionais contemporâneos é um fenômeno único na História. Não podemos falar de continuidade do mundo antigo, de repetição de uma experiência passada e nem mesmo de um desenvolvimento progressivo que unisse o mundo contemporâneo ao antigo. São mundos diferentes, com sociedades distintas, nas quais pertencimento, participação e direitos têm sentidos diversos (GUARINELLO, Norberto Luiz. Cidades-Estado na Antiguidade Clássica. apud: PINSKY, Jaime; PINSKY, Carla (Orgs.). História da Cidadania, São Paulo: Editora Contexto, 4ª ed. 2ª reimpressão, novo 2008. p. 29 http://www. editoracontexto.com.
br
).



Pelo fato de estudarmos História Antiga é até plausível que se atribua certa continuidade entre aquelas noções e os ideais que defendemos hoje. É sempre oportuno para destacar as diferenças entre cidadãos na Antiguidade e as características que são apontadas pelo senso comum.
Toda essa compreensão e diferenciação baseadas no estudo da história e da vida cotidiana no mundo greco-romano, transmitida por meio das obras clássicas que chegaram até nós, inspirou os primeiros pensadores que buscaram uma definição do que hoje entendemos por cidadania. Os elementos que mais se destacaram foram as ideias de democracia, de participação popular nas decisões sobre o destino da coletividade, de soberania do cidadão e de liberdade do indivíduo.
Temos por objetivo fazer com que se perceba que a apropriação das concepções do passado é uma forma de releitura da cidadania, e que esta se deu de uma forma específica, por razões particulares, em determinados contextos, decisivos para o desenvolvimento da noção de cidadania moderna.

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FONTE (SÃO PAULO, Caderno do professor: sociologia. EM, 3ªs., v.1, 2009, pp.10-12).

quarta-feira, 24 de fevereiro de 2010

SOCIOLOGIA NA HISTORIA, A

A Sociologia já foi uma disciplina presente em todas as escolas, assim como a Matemática e a Língua Portuguesa.

Na virada do século XVIII para o século XIX (1897), ela surgiu como disciplina obrigatória, porém no Brasil, ela somente foi realmente introduzida em 1925, com a Reforma rocha Vaz. A partir de então, a Sociologia não só se tornou obrigatória no Ensino Secundário como também assou a ser cobrada nos vestibulares para o ingresso no Ensino Superior (MORAES, 2003, p.7). Entretanto, durante os momentos de ditadura em nosso país, o ensino de Sociologia sofreu uma série de revezes:
* em 1942, durante a ditadura da Era Vargas, também conhecida pelo nome de Estado Novo, ocorreu a Reforma Capanema, que retirou a obrigatoriedade da Sociologia nos curso secundários. A disciplina foi mantida somente no Curso Normal como Sociologia Geral e Sociologia da Educação;
* em 1961, ela volta como disciplina optativa;
* em 1971, durante a ditadura militar, o ensino de Sociologia sofreu o seu mais duro golpe. Ora era tida como disciplina optativa, mas não bem vista, pois era associada , indevidamente , ao comunismo, ora era retirada da grade curricular básica e substituída pela disciplina de OSPB (Organização Social e Política Brasileira). Isso ocorreu com a Reforma Jarbas Passarinho (MORAES, 2003, p.7). Sua postura crítica diante da realidade não era bem aceita naquela época. Com o passar do tempo, muitas pessoas foram então esquecendo a importância da Sociologia para a formação geral de qualquer pessoa.
Entretanto , desde 1882 - por meio de parecer de Rui Barbosa - acreditava0se na importância da disciplina , assim como hoje se reconhece que ela é matéria importante tanto para quem fará Medicina, Direito ou Engenharia, como também para faxineiros, pedreiros, advogados, garçons, químicos, físicos, artistas, enfim, para todos aqueles que necessitam entender e se situar na sociedade em que vivem.

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Fontes: (SÃO PAULO-SEE, Caderno do professor: Sociologia, EM, 1ª S., V.1, 2009, pp.10-11)

PARATODOS (Chico Buarque)

O meu pai era paulista
Meu avô, pernambucano
O meu bisavô, mineiro
Meu tataravô, baiano
Meu maestro soberano
Foi Antonio Brasileiro

Foi Antonio Brasileiro
Quem soprou esta toada
Que cobri de redondilhas
Pra seguir minha jornada
E com a vista enevoada
Ver o inferno e maravilhas

Nessas tortuosas trilhas
A viola me redime
Creia, ilustre cavalheiro
Contra fel, moléstia, crime
Use Dorival Caymmi
Vá de Jackson do Pandeiro

Vi cidades, vi dinheiro
Bandoleiros, vi hospícios
Moças feito passarinho
Avoando de edifícios
Fume Ari, cheire Vinícius
Beba Nelson Cavaquinho

Para um coração mesquinho
Contra a solidão agreste
Luiz Gonzaga é tiro certo
Pixinguinha é inconteste
Tome Noel, Cartola, Orestes
Caetano e João Gilberto

Viva Erasmo, Ben, Roberto
Gil e Hermeto, palmas para
Todos os instrumentistas
Salve Edu, Bituca, Nara
Gal, Bethania, Rita, Clara
Evoé, jovens à vista

O meu pai era paulista
Meu avô, pernambucano
O meu bisavô, mineiro
Meu tataravô, baiano
Vou na estrada há muitos anos
Sou um artista brasileiro

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Fontes:
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domingo, 21 de fevereiro de 2010

TALES DE MILETO

Tales, em verdade, deve ter gozado de grande prestígio em sua época. Tanto que passou para a posteridade como um dos sete sábios da Grécia: na política, empenhou-se em organizar as cidades gregas da Jônia para enfrentar a ameaça dos persas; como engenheiro, quis desvia o curso de alguns rios para fins de navegação e irrigação; como pesquisador, investigou as causas das inundações do rio Nilo, rompendo com as explicações míticas que se davam para elas; como astrônomo, previu um eclipse solar e descobriu a constelação denominada Ursa Menor; como matemático e geômetra, teria descoberto um método para medir a altura de uma pirâmide do Egito, do qual teria derivado o famoso "teorema de Tales". Além disso, não podemos esquecer que Tales foi, segundo Aristóteles (Pré-Socráticos, 1985, p.7), o primeiro a dar uma resposta racional, isto é, usando de demonstração lógica e sem recorrer aos mitos, para a pergunta que mais incomodava os primeiros filósofos (os chamados pré-socráticos ou filósofos físicos): qual era o elemento primordial que dava origem a todas as coisas? Para Tales esse elemento era a água, por ela estar presente nos alimentos necessários à vida, pelo fato de as coisas vivas serem úmidas, enquanto as mortas ressecam e porque a terra repousa sobre as águas. Daí sua conclusão de que ela deve ter sido o elemento primordial. Vemos, portanto, que Tales, ao contrário do que sugere a primeira anedota, não tinha nada de lunático, distraído e desligado dos problemas concretos. Muito pelo contrário, pôs toda a sua inteligência, curiosidade e cri atividade a serviço da busca de soluções para eles, sobretudo, aqueles mais importantes e urgentes em sua época. Eis por que a tal anedota revela, de fato, um preconceito, isto é, um conceito precipitado e desprovido de fundamentação.
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Fonte: (Escrito especialmente para o São Paulo faz escola. )

PRECONCEITO NA GRECIA DOS FILOSOFOS, O

O preconceito e a hostilidade em relação à Filosofia não é algo novo, recente, mas, ao contrário, remontam às origens da Filosofia na Grécia Antiga. Talvez o registro mais antigo desse preconceito seja aquele de que foi vítima Tales de Mileto, que viveu no século VII a.C. e que é considerado o primeiro filósofo da história. A respeito dele contava-se a seguinte anedota, bastante difundida na Grécia Antiga e recuperada por Platão em sua obra Teeteto. Tales era tão interessado no estudo dos astros que costumava caminhar olhando para o céu. Certo dia, absorto em seus pensamentos e raciocínios, acabou tropeçando e caindo em um poço, sendo motivo de riso e caçoada para uma escrava que ali se encontrava. Espalhou-se, então, o boato de que Tales se preocupava mais com as coisas do céu, esquecendo-se das que estavam debaixo de seus pés. "Essa pilhéria", adverte Platão, "se aplica a todos os que vivem para a Filosofia" (PLATÃO. Diálogos). Essa imagem de um homem distraído e trapalhão, porém, não parece condizer com a verdade sobre Tales que, ao que tudo indica, era uma pessoa bem esperta, viva e inteligente. É o que se conclui, por exemplo, de uma outra anedota contada sobre ele e registrada por Aristóteles em sua obra A política e atribuída a Tales por causa de sua sabedoria:"Como o censuravam pela pobreza e zombavam de sua inútil filosofia, o conhecimento dos astros permitiu-lhe prever que haveria abundância de olivas. Tendo juntado todo o dinheiro que podia, ele alugou, antes do fim do inverno, todas as prensas de óleo de Mileto e de Quios. Conseguiu-as a bom preço, porque ninguém oferecera melhor e ele dera algum adiantamento. Feita a colheita, muitas pessoas apareceram ao mesmo tempo para conseguir as prensas e ele as alugou pelo preço que quis. Tendo ganhado muito dinheiro, mostrou a seus amigos que para os filósofos era muito fácil enriquecer, mas que eles não se importavam com isso. Foi assim que mostrou sua sabedoria. (ARISTÓTELES. A política).
 
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Fonte: (Escrito especialmente para o São Paulo faz escola. )

DISCURSO SOBRE O METODO (Descartes)

DISCURSO SOBRE O MÉTODO
"[...] por desejar dedicar-me apenas a pesquisa da verdade, achei que deveria agir exatamente ao contrário, e rejeitar como totalmente falso tudo aquilo em que pudesse supor a menor dúvida, com o intuito de ver se, depois disso, não restaria algo em meu crédito que fosse completamente incontestável. Ao considerar que nossos sentidos às vezes nos enganam, quis presumir que não existia nada que fosse tal como eles nos fazem imaginar. E, por existirem homens que se enganam ao raciocinar, mesmo no que se refere as mais simples noções de geometria, e cometem paralogismos, rejeitei como falsas, achando que estava sujeito a me enganar como qualquer outro, todas as razões que eu tomara, até então, por demonstrações. E, enfim, considerando que quaisquer pensamentos que nos ocorrem quando estamos acordados nos podem também ocorrer enquanto dormimos, sem que, nesse caso, exista algum que seja correto, decidi fazer de conta que todas as coisas que até então haviam entrado no meu espírito não eram mais corretas do que as ilusões de meus sonhos. Logo em seguida, porém, percebi que, ao mesmo tempo que eu queria pensar que tudo era falso, fazia-se necessário que eu, que pensava, fosse alguma coisa.. E, ao notar que esta verdade: eu penso, logo existo, era tão sólida e tão correta que as mais extravagantes suposições dos céticos não seriam capazes de lhe causar abalo, julguei que podia considerá-la, sem escrúpulo algum, o primeiro principio da filosofia que eu procurava.

Mais tarde, ao analisar com atenção o que eu era, e vendo que podia presumir que não possuía corpo algum e que não havia mundo algum, ou lugar onde eu existisse, mas que nem por isso podia supor que não existia; e que, ao contrário, pelo fato mesmo de eu pensar em duvidar da verdade das outras coisas, resultava com bastante evidência e certeza que eu existia; ao passo que, se somente tivesse parado de pensar, apesar de que tudo o mais que alguma vez imaginara fosse verdadeiro, já não teria razão alguma de acreditar que eu tivesse existido; compreendi, então, que eu era uma substância cuja essência ou natureza consiste apenas no pensar, e que, para ser, não necessita de lugar algum, nem depende de qualquer coisa material. De maneira que esse eu, ou seja, a alma, por causa da qual sou o que sou, e completamente distinta do corpo e, também, que é mais fácil de conhecer do que ele, e, mesmo que este nada fosse, ela não deixaria de ser tudo o que é. Depois disso, considerei o que é necessário a uma proposição para ser verdadeira e correta; pois, já que encontrara uma que eu sabia ser exatamente assim, pensei que devia saber também em que consiste essa certeza. E, ao perceber que nada há no eu penso, logo existo, que me dê a certeza de que digo a verdade, salvo que vejo muito claramente que, para pensar, é preciso existir, conclui que poderia tomar por regra geral que as coisas que concebemos muito clara e distintamente são todas verdadeiras, havendo somente alguma dificuldade em notar bem quais são as que concebemos distintamente”.

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Fonte:

PLATAO e ARISTOTELES, sobre a alma

Platão e Aristóteles

Texto 1: "Por toda parte eu vou persuadindo a todos, jovens e velhos, a não se preocuparem exclusivamente, e nem tão ardentemente, com o corpo e com as riquezas, como devem preocupar-se com a alma, para que ela seja quanta possível melhor, e vou dizendo que a virtude não nasce da riqueza, mas da virtude vem, aos homens, as riquezas e todos os outros bens, tanto públicos como privados”. PLATÃO.. Apologia de Sócrates.

Texto 2: "Ao considerar o conhecimento como se encontrando entre as coisas mais belas e dignas do maior valor, sendo umas mais penosas do que outras, quer em virtude do seu rigor, quer em virtude de dizer respeito a coisas mais bel as e elevadas, decidimos, devido a essas duas mesmas causas, considerar toda a investigação respeitante a alma como sendo de importância fundamental. Alem disso, parece esta investigação também constituir uma contribuição especial para todo o conhecimento da verdade, particularmente para 0 estudo da natureza - a alma e, com efeito, o principio de todos os seres vivos. Por isso procuramos, ao investigar, examinar a natureza e a essência da alma em primeiro lugar e, depois, os seus atributos fundamentais”. ARISTOTELES. Da alma.

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Fontes: (SÃO PAULO-SEE, Caderno do professor: filosofia, EM, 1ª S., V.1, p.26)

segunda-feira, 1 de fevereiro de 2010

DESEJOS DE ALEXANDRE, OS

Conta-se que...
Os 3 últimos desejos de ALEXANDRE, o Grande foram:
1. Que seu caixão fosse transportado pelas mãos dos médicos da época;
2. Que fossem espalhados no caminho até seu túmulo os seus tesouros conquistados como prata, ouro, e pedras preciosas ;
3. Que suas duas mãos fossem deixadas balançando no ar, fora do caixão, à vista de todos.
Um dos seus generais, admirado com esses desejos insólitos, perguntou a ALEXANDRE quais as razões desses pedidos e ele explicou:
1. Quero que os mais iminentes médicos carreguem meu caixão para mostrar que eles NÃO têm poder de cura perante a morte;
2. Quero que o chão seja coberto pelos meus tesouros para que as pessoas possam ver que os bens materiais aqui conquistados, aqui permanecem;
3. Quero que minhas mãos balancem ao vento para que as pessoas possam ver que de mãos vazias viemos e de mãos vazias partimos. A vida é muito sábia, dela só levamos nosso conhecimento e prazeres.

RESPEITO AOS IDOSOS (Zeze Di Camargo)