segunda-feira, 14 de junho de 2010

FOUCAULT, Michel

FOUCAULT, Michel (1926-1984) Um dos mais influentes pensadores franceses contemporâneos, identificado inicialmente com o estruturalismo - do qual certamente sofreu a influência embora desenvolvendo um pensamento próprio, extremamente criativo e original –, Foucault nasceu em Poitiers e foi professor no Collége de France (1970). Empreendeu uma importante análise epistemológica do surgimento das ciências humanas e de seu papel em nossa cultura, bem como uma crítica à noção tradicional de sujeito. Por outro lado, foi também grande a influência do próprio método de análise do discurso proposto por Foucault. Seu ponto de partida é o conceito de episteme, uma rede de significados – uma "formação discursiva" que caracterizaria uma determinada época nos diversos domínios da sociedade e da cultura: da literatura à ciência, da arte à filosofia. A análise Arqueológica, que realizou, representa um método original em história das idéias, cujas bases são formuladas em sua obra Arqueologia do saber (1969). Essa análise é essencialmente uma análise do discurso, tomado, no entanto, em um sentido prévio a qualquer categorização, procurando estabelecer relações não-tematizadas e examinar com rigor como as categorizações se dão no discurso, como o próprio discurso se constitui. Foucault questiona, em sua obra As palavras e as coisas, uma arqueologia das ciências humanas (1966), a noção de sujeito e a idéia de ciências humanas que dela se origina, tendo ficado célebre sua conclusão de que "o homem é uma invenção que a arqueologia de nosso pensamento mostra claramente a data recente, e talvez também o fim próximo". Mais tarde, inspirando-se em Nietzsche, desenvolveu seu método em outra direção, que chamou de "genealogia", conceito que introduziu em seu Vigiar e punir (1975). A genealogia é essencialmente uma análise histórica de como o poder pode ser considerado explicativo da produção dos saberes. Os discursos são vistos agora a partir das condições políticas que os tornam possíveis. O poder, contudo, deve ser visto aí de uma forma difusa, não se identificando necessariamente com o Estado, mas nas várias instâncias da vida social e cultural, em uma perspectiva que Foucault denominou "microfísica do poder". No primeiro volume de sua última obra, História da sexualidade, desenvolveu sua análise nessa direção. Foucault visitou diversas vezes o Brasil e sua obra teve grande impacto em nosso meio acadêmico e cultural. Além dos já citados, destacam-se ainda os seguintes livros: História da loucura na idade clássica (1961), O nascimento da clínica (1963), A ordem do discurso (1971), História da sexualidade em três volumes: A vontade do saber (1976), O uso dos prazeres (1984) e O cuidado de si (1984).



_________________

FONTE (JAPIASSÚ, H. Dicionário de Filosofia, Rio de Janeiro: Zahar, 1996, pp.110-111)

Nenhum comentário:

Postar um comentário