RICOUER, Paul (1913-) O francês (nascido em Valence) Paul Ricoeur, decano honorário da Universidade de Paris X (Nanterre) e presidente do Instituto Internacional de Filosofia, é um dos mais fecundos filósofos de nossa época. Preocupado em atingir e formular uma teoria da interpretação do ser, toma como seu problema próprio o da hermenêutica, vale dizer, o da extração e da interpretação do sentido. Convencido de que todo o pensamento moderno tornou-se interpretação, elabora uma grande simbólica da consciência, que se encontra na raiz mesma de todas as determinações históricas e espirituais do homem. Ao revisar a problemática hermenêutica, passa a entendê-la como a teoria das operações de compreensão em sua relação com a interpretação dos textos. Para ele, é o símbolo que exprime nossa experiência fundamental e nossa situação no ser. É ele que nos reintroduz no estado nascente da linguagem. Por isso, elabora uma filosofia da linguagem capaz de elucidar as múltiplas funções do significado humano. Porque o símbolo nos leva a pensar. E como a hermenêutica visa uma decifração dos comportamentos simbólicos do homem, a um "trabalho de pensamento que consiste em decifrar o sentido oculto no sentido aparente", o pensamento antropológico de Ricoeur leva em conta a contribuição corrosiva da psicanálise freudiana. Ele concebe a filosofia como uma atividade. uma tarefa ao mesmo tempo concreta, temporal e pessoal, muito embora com pretensões à universalidade. Fenomenólogo de formação. Ricoeur traduz para o francês as Idéias diretrizes para uma fenomenologia de Husserl (1952). Em seguida, publica Histoire et vérité (1955). Mas o eixo de sua obra é constituído pela Philosophie de Ia volonté, cujos dois volumes Le volontaire et l'involontaire (1950) e Finitude et culpabilité (1960) constituem a suma de seu pensamento. Em seguida, publica De l'interprétation (1965), trabalho sobre a psicanálise; Le conflit des interprétations (1969), conjunto de ensaios hermenêuticos levando a reflexão filosófica a enfrentar os grandes desafios lançados pelas correntes de pensamento contemporâneas; La métaphore vive (1975), temps et récits (1983), Soi même comme un autre (1990).
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FONTE (JAPIASSÚ, H. Dicionário de Filosofia, Rio de Janeiro: Zahar, 1996, pp.236-237)
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