terça-feira, 16 de agosto de 2011

O TREM DA CULTURA – Lévi-Strauss


O TREM DA CULTURA – Lévi-Strauss

Claude Lévi-Strauss (* Bruxelas, Bélgica – 28 de novembro 1908 d.C + Paris, França – 31 de outubro de 2009 d.C
Antropólogo francês, considerado um dos grandes intelectuais do século XX.
Citações

“O antropólogo é o astrônomo das ciências sociais: ele está encarregado de descobrir um sentido para as configurações muito diferentes, por sua ordem de grandeza e seu afastamento, das que estão imediatamente próximas do observador”. Antropologia Estrutural, 1967.

Em 1952, a pedido da Unesco, ele escreveu um artigo chamado Raça e história, em que criticava a ideia de raça e o etnocentrismo entre os povos, além de outros pontos.
Para falar sobre a ideia de que existiram culturas que não se moveriam ou se transformariam e o etnocentrismo, ele deu o exemplo do viajante do trem: imaginem que cada cultura é um trem e nós somos os passageiros. Nós olhamos o mundo a partir do nosso trem.
Mas os trens caminham em direções opostas, em diferentes velocidades. Um viajante verá de modo diverso um trem que vai ao sentido contrário, um trem que ultrapassa o seu ou outro que caminha em uma outra direção.
Qual é o trem que nós podemos olhas melhor?
Aquele que caminha mesma direção que o nosso e na mesma velocidade, ou seja, de forma paralela.
Mas, se cada trem é uma cultura, sabemos que as culturas não caminham todas na mesma direção e nem na mesma velocidade. Umas caminham mais rápido, outras caminhas em direções quase opostas. As culturas possuem formas diferentes de observar o mundo. Cada uma tem o seu caminho, a sua direção e a sua velocidade. Se uma nos parece para, isso ocorre porque não conseguimos compreender o sentido de seu desenvolvimento.
É aquela que caminha paralela à nossa que nos permite a melhor observação, e que nos fornece a autoidentificação. Mas quem é que pode dizer qual é a melhor direção? O caminho mais avançado? Será que o que parece parado para nós está realmente parado? Como saber?
Na verdade, com isso ele quis dizer que é muito difícil para alguém de uma determinada cultura querer avaliar alguém de outra cultura. Pois, já que a minha cultura é como um trem, muitas vezes não consigo enxergar e compreender o que se passa nos outros trens (nas outras culturas). Isso ocorre porque as culturas não têm todas elas as mesmas preocupações e nem os mesmo objetivos.
É mais fácil entender a cultura que mais e parece com a nossa, ou seja, aquela que anda de forma paralela à nossa, partilhando os mesmos interesses e a mesma direção. Mas, como as culturas são diferentes, se muitas vezes não conseguimos compreender uma delas, não é porque ela esteja parada, ou errada, e sim, porque a direção que ela toma muitas vezes não faz sentido segundo a nossa lógica de raciocínio.


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Fontes: (SÃO PAULO-SEE, Caderno do professor: sociologia, EM, 1ª S., V.3, p.18; http://www.biografia.inf.br/claude-levi-strauss-antropologo.html)

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