ANÁLISE INTERPRETATIVA
TEXTOS: Merleau-Ponty.IN: DICIONÁRIO DOS FILÓSOFOS. São Paulo: Martins Fontes, 2001, pp, 684-690.
MAURICE MERLEAU-PONTY (1908-1961)
Para
entender as inquietações e os escritos de Merleau-Ponty, faz-se
necessário expôr de onde ele partiu. Antes de seus escritos, prestou o
serviço militar de 30 a 31; trabalhou no Liceu Beauvais de 31 a 33;
esteve na infantaria de 39 a 40. Seriam dispensáveis esses comentários
se, no serviço militar não tivesse servido com Jean Paul Sartre,com quem
mais tarde manteria contatos e conversas; quanto ao Liceu Beauvais, não
seria demasiado falar de sua fama, mas o que nos interessa é que aí
tratou conhecimento com Hussel e se dedicou ao estudo do alemão; e por
fim, estar na infantaria para um filósofo quase seria um fato
irrelevante, senaõ pelo fato de aí conhecer os homens e suas misérias,
na realidade e na constituição do próprio ser humano, como ele mesmo
revelará em seus escritos.
Esses eventos ajudaram Merleau-Ponty em suas obras, e em especial A fenomenologia da percepção (La
phénómenologie de la perception) de 1945. Nela, opõe a sua concepção de
comportamento à concepção da psicologia americana. Propõe uma análise
da forma (ou de níveis), que melhora e substitui a análise clássica do
homem. É a consciência do homem que lhe dá o corpo e não o contrário
(mesmo viés de Sartre). Para ele, não havia mais as oposições clássicas
(corpo X alma); há uma identidade de natureza entre consciência e mundo,
e dessa identidade é que se pode entender o ser humano.
Inaugura
uma fenomenologia particular, que parte do copo, mas um corpo-próprio.
Com essa postura, rejeita tanto o empirismo quanto o intelectualismo,
pois se situa na consciência situado e concreta, tal qual a queria o
pensamento kantiano. O novo cogito (Descartes) é o corpo, não o corpo-objeto, senão o corpo que é intenção para os objetos.
De 45 a 48, Merleau-Ponty se aproxima de Sartre quando começa a participara da Revista Les Tempes Modernes.
Essa mesma aproximação marca o distanciamento de ambos quanto ao
posicionamento frente o idealismo e o cientificismo. De 47 a 48, toma
conhecimento melhor sobre a filosofia de Malembranche, que até então era
tida como intelectualista. A partir de 49, a tônica da psicologia
infantil invade os pensamentos e pesquisas de Merleau-Ponty, o que lhe
dá motivos de inspiradores a Wallon e os gestaltistas. Entre as
proposições de Hegel, Husserl e Sartre, Merleau-Ponty responde e ilustra
com imagens e a emoção, idéias sartreanas.
Em
1952, foi eleito para o Colégio de France, na cadeira de Filosofia.
Baseia-a no “gosto pela evidência” e “senso da ambigüidade”.
Merleau-Ponty recobra
a ironia socrática quando diz que o filósofo não era um homem sério,
senão de ação duvidosa (claudicante, diria ele). A ironia é uma missão e
não apenas uma atitude do ser humano. O mundo não é somente aquilo que
aparece, senão aquilo que se guarda em seu interior. A percepção é uma
conivência entre mim e o que percebo (...) a percepção já é uma espécie
de linguagem, e a verdade apareceria na vida humana, segundo o seu
pensamento.
Merleau-Ponty escreve, ainda, uma obra dedicado aos grandes filósofos (Les philosophes célèbres) e As aventuras da Dialética (Les aventures de la dialectique), onde tenta explicar o seu relacionamento e ruptura com Sartre.
Em
61, se dedica à ciência, na qual pela percepção “o que se vê e o que é
visível atraem-se mutuamente”. Em 59, dois anos de sua morte, a obra que
deveria ser intitulada O vísivel e o invisível
(Le visible et l’invisibre) ficou inacabada, contudo, Claude Leforte, a
definiu como “Uma busca perpétua da verdade nunca atingida e de uma
linguagem cuja formulação sempre fica aberta”. Assim foi Merleau-Ponty: o
filósofo das muitas ciências que, provalvemente não tenha localizado a
explicação satisfatória para todas as percepções.
gentilmente cedido pela autora Sueli Soares.
gentilmente cedido pela autora Sueli Soares.
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