quarta-feira, 11 de janeiro de 2012

MERLEAU-PONTY (S.C.Soares)

ANÁLISE INTERPRETATIVA
TEXTOS: Merleau-Ponty.IN: DICIONÁRIO DOS FILÓSOFOS. São Paulo: Martins Fontes, 2001, pp, 684-690.


MAURICE MERLEAU-PONTY (1908-1961)

Para entender as inquietações e os escritos de Merleau-Ponty, faz-se necessário expôr de onde ele partiu. Antes de seus escritos, prestou o serviço militar de 30 a 31; trabalhou no Liceu Beauvais de 31 a 33; esteve na infantaria de 39 a 40. Seriam dispensáveis esses comentários se, no serviço militar não tivesse servido com Jean Paul Sartre,com quem mais tarde manteria contatos e conversas; quanto ao Liceu Beauvais, não seria demasiado falar de sua fama, mas o que nos interessa é que aí tratou conhecimento com Hussel e se dedicou ao estudo do alemão; e por fim, estar na infantaria para um filósofo quase seria um fato irrelevante, senaõ pelo fato de aí conhecer os homens e suas misérias, na realidade e na constituição do próprio ser humano, como ele mesmo revelará em seus escritos.
Esses eventos ajudaram Merleau-Ponty em suas obras, e em especial A fenomenologia da percepção (La phénómenologie de la perception) de 1945. Nela, opõe a sua concepção de comportamento à concepção da psicologia americana. Propõe uma análise da forma (ou de níveis), que melhora e substitui a análise clássica do homem. É a consciência do homem que lhe dá o corpo e não o contrário (mesmo viés de Sartre). Para ele, não havia mais as oposições clássicas (corpo X alma); há uma identidade de natureza entre consciência e mundo, e dessa identidade é que se pode entender o ser humano.
Inaugura uma fenomenologia particular, que parte do copo, mas um corpo-próprio. Com essa postura, rejeita tanto o empirismo quanto o intelectualismo, pois se situa na consciência situado e concreta, tal qual a queria o pensamento kantiano. O novo cogito (Descartes) é o corpo, não o corpo-objeto, senão o corpo que é intenção para os objetos.
De 45 a 48, Merleau-Ponty se aproxima de Sartre quando começa a participara da Revista Les Tempes Modernes. Essa mesma aproximação marca o distanciamento de ambos quanto ao posicionamento frente o idealismo e o cientificismo. De 47 a 48, toma conhecimento melhor sobre a filosofia de Malembranche, que até então era tida como intelectualista. A partir de 49, a tônica da psicologia infantil invade os pensamentos e pesquisas de Merleau-Ponty, o que lhe dá motivos de inspiradores a Wallon e os gestaltistas. Entre as proposições de Hegel, Husserl e Sartre, Merleau-Ponty responde e ilustra com imagens e a emoção, idéias sartreanas.
Em 1952, foi eleito para o Colégio de France, na cadeira de Filosofia. Baseia-a no “gosto pela evidência” e “senso da ambigüidade”. Merleau-Ponty  recobra a ironia socrática quando diz que o filósofo não era um homem sério, senão de ação duvidosa (claudicante, diria ele). A ironia é uma missão e não apenas uma atitude do ser humano. O mundo não é somente aquilo que aparece, senão aquilo que se guarda em seu interior.  A percepção é uma conivência entre mim e o que percebo (...) a percepção já é uma espécie de linguagem, e a verdade apareceria na vida humana, segundo o seu pensamento.
Merleau-Ponty escreve, ainda, uma obra dedicado aos grandes filósofos (Les philosophes célèbres) e As aventuras da Dialética (Les aventures de la dialectique), onde tenta explicar o seu relacionamento e ruptura com Sartre.
Em 61, se dedica à ciência, na qual pela percepção “o que se vê e o que é visível atraem-se mutuamente”. Em 59, dois anos de sua morte, a obra que deveria ser intitulada O vísivel e o invisível (Le visible et l’invisibre) ficou inacabada, contudo, Claude Leforte, a definiu como “Uma busca perpétua da verdade nunca atingida e de uma linguagem cuja formulação sempre fica aberta”. Assim foi Merleau-Ponty: o filósofo das muitas ciências que, provalvemente não tenha localizado a explicação satisfatória para todas as percepções.

                                                              gentilmente cedido pela autora Sueli Soares.

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