Olhamos o mundo e parece que simplesmente vemos as coisas tal como
elas são. Entretanto, ao olhar alguma coisa e nomeá-la, é preciso ter antes uma
ideia do que ela seja, as pessoas têm alguma ideia do que é um carro, e, por
isso, quando veem diferentes carros, podem dizer que viram um. O olhar humano
sempre está repleto de prenoções sobre a realidade que nos ajudam a compreendê-la.
E elas estão repletas de conhecimento do senso comum.
O conhecimento do senso comum é uma forma válida de pensamento,
mas não é a única possível. Há, por exemplo, o conhecimento cientifico. O
conhecimento cientifico parte do senso comum para olhar a realidade, mas ele
sempre precisa ir além do senso comum.
Nosso olhar nunca é um olhar
neutro, ele está sempre repleto dessas prenoções que vêm do senso comum. Para
lançar um olhar sociológico sobre a realidade é necessário afastar-se dessa
forma de observá-la. E é necessário um método. Método é a forma pela qual um
cientista observa e analisa seu objeto de estudo. Ou seja, é o modo como estuda
a realidade. Os métodos variam de uma ciência para outra, dependendo do seu
objeto de estudo, ou seja, daquilo que elas estudam.
Toda construção científica é um
lento processo de afastamento do senso comum. Não se pensa sociologicamente
imerso no senso comum. O problema é que estamos imersos nele. Nossa maneira de
pensar, de agir e de sentir está repleta desse tipo de conhecimento. Apesar de
ser uma forma válida de conhecimento, não é ciência. A ciência se constrói a
partir de um cuidado metodológico ao olhar a realidade que procura se afastar
dos juízos de valor típicos do senso comum. E para construir um olhar
sociológico sobre a realidade o primeiro recurso metodológico é o olhar de
estranhamento.
Elaborado
especialmente para o São Paulo faz escola.
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SEE. Caderno do Aluno, Sociologia, 1º Vol. São Paulo: SEE, 2014-2017
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