domingo, 21 de fevereiro de 2010

TALES DE MILETO

Tales, em verdade, deve ter gozado de grande prestígio em sua época. Tanto que passou para a posteridade como um dos sete sábios da Grécia: na política, empenhou-se em organizar as cidades gregas da Jônia para enfrentar a ameaça dos persas; como engenheiro, quis desvia o curso de alguns rios para fins de navegação e irrigação; como pesquisador, investigou as causas das inundações do rio Nilo, rompendo com as explicações míticas que se davam para elas; como astrônomo, previu um eclipse solar e descobriu a constelação denominada Ursa Menor; como matemático e geômetra, teria descoberto um método para medir a altura de uma pirâmide do Egito, do qual teria derivado o famoso "teorema de Tales". Além disso, não podemos esquecer que Tales foi, segundo Aristóteles (Pré-Socráticos, 1985, p.7), o primeiro a dar uma resposta racional, isto é, usando de demonstração lógica e sem recorrer aos mitos, para a pergunta que mais incomodava os primeiros filósofos (os chamados pré-socráticos ou filósofos físicos): qual era o elemento primordial que dava origem a todas as coisas? Para Tales esse elemento era a água, por ela estar presente nos alimentos necessários à vida, pelo fato de as coisas vivas serem úmidas, enquanto as mortas ressecam e porque a terra repousa sobre as águas. Daí sua conclusão de que ela deve ter sido o elemento primordial. Vemos, portanto, que Tales, ao contrário do que sugere a primeira anedota, não tinha nada de lunático, distraído e desligado dos problemas concretos. Muito pelo contrário, pôs toda a sua inteligência, curiosidade e cri atividade a serviço da busca de soluções para eles, sobretudo, aqueles mais importantes e urgentes em sua época. Eis por que a tal anedota revela, de fato, um preconceito, isto é, um conceito precipitado e desprovido de fundamentação.
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Fonte: (Escrito especialmente para o São Paulo faz escola. )

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