OTAVIANO HELENE
Não podemos justificar o desenvolvimento
escolar apenas pelas possibilidades de crescimento econômico que ele gera. Ao
contrário, o crescimento econômico só é justificável pelo desenvolvimento
social, educacional inclusive, que ele propicia. Entretanto, não podemos ignorar
a relação direta existente entre a melhoria do sistema escolar e o desenvolvimento
econômico.
Diversos especialistas têm se dedicado
a estudar o impacto econômico dos investimentos em educação escolar. Embora
suas conclusões quantitativas sejam dependentes
de opções ideológicas automaticamente embutidas nas análises matemáticas, especialmente
quando envolvem a relação entre a distribuição de renda e a escolaridade, um
ponto é comum a todos eles: investimentos em educação escolar provocam crescimento
econômico. A taxa de crescimento econômico varia de país para país, de época para
época, e depende do nível de escolaridade da população. Em termos aproximados, essa
variação está entre cerca de 10%, no caso do ensino superior nos países ricos, e
cerca de 30%, no caso do ensino básico nos países pobres.
Esse retorno econômico é um reflexo em escala
nacional do aumento da renda individual com o aumento da escolaridade do trabalhador.
Cada ano a mais de escolaridade garante um aumento individual de renda que varia
entre cerca de 5 %
a 10 %, no
caso de países com fortes mecanismos de controle de renda e sistemas escolares muito
organizados, a cerca de 100%, no caso do ensino fundamental em países pobres de
populações subescolarizadas.
A situação brasileira é aproximadamente
a seguinte: cada ano a mais de escolaridade implica em um aumento individual de
renda entre cerca de 10%, no caso do ensino fundamental, e cerca de 30%, no
caso do ensino superior. Descontados o custo da escolarização e a ausência do mercado
de trabalho durante o período de estudo, esses aumentos individuais de renda
fazem com que cada cruzeiro investido em educação escolar se pague em
aproximadamente em seis anos.
Comparado com outros países, O Brasil
tem investido muito pouco em educação escolar. Se existe um teorema que mostra
que é necessário investir em educação para se conseguir um crescimento
econômico, deve existir seu corolário: não investir em educação é suficiente
para bloquear o crescimento. Podemos perguntar, então, que proporção de nossa
crise econômica atual é devida a subinvestimentos em educação (Folha de
S.Paulo, 25/07/1992 Apud INFANTE, s/d, p.83).
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Fonte bibliográfica (INFANTE, U. Curso de gramática aplicada
aos textos. S. Paulo: Scipione, s/d)
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