quinta-feira, 16 de agosto de 2012

QUESTAO DA PALESTINA, A


CAPÍTULO 1: A QUESTAO DA PALESTINA[1]
O moderno Estado de Israel é o resultadespetacular de um conjunto das iniciativas mais inteligentesmais arrojadas e intrincadas no fim do milênio passado. Tudo começou com o movimento sionista dos fins do século XIX que visava à concentração demográfica de judeus na Palestina.
Ao proclamar, em 1791, a emancipação política dos judeus, a Revolução Francesa marcava o início de uma novfase da história judaica. Começou então a aumentar consideravelmente o poder dos judeuscuja influência se fazia sentircada vez maisnas finançasnimprensa, nas profissões liberais etc.
Na Europa Ocidentalmuitos judeus aceitaram a ideia do hascalá (Iluminismo), que defendia a integração dos judeus à cultura ocidentalNLeste, porém, os judeus, contrários à assimilão e vítimas dos progoms czristas, formaram o movimento Hoverim Ziyyon (Amantes de Siãovisando à criação de uma pátria judaica. O fundador do sionismo político foi Theodor Herzljornalista austríaco judeu que, profundamente impressionado com as manifestaçõeanti-semitas na Europapercebeu, depois dmuitas tergiversaçõesque a única solução seria a criação duma nação judaica em Estado próprio. Herzldepois dmuita luta, logrou organizar o primeiro congresso sionista em Basiléiana Suíça (3/9/1897)acontecimento decisivo de uma série de medidas ousadas que se seguiramForam criados o Fundo Nacional Judaico e o Banco Nacional JudaicoPor intermédido Fundo Nacional Judaicoé adquirido dos árabes partdo solo palestino, alugado então a judeus emigrados, a quem se forneceraos meios necessários para iniciaresua vida. O movimentalia("subida""leva imigratória para Israel") intensifica a imigração. Começam a chegar à Palestinlevas de imigrantejudeus, egressos da Europa CentraOrientalO lídenesse momento é Aharom David Gordan, que inspira a mística do trabalhhebrepelredenção econômica e social de Israel. Estabeleceram-se colônias coletivas,os Kibutzimoshavim. Fundou-se a Histadrut, de inspiração socialista, poderosa central sindical com fortinfluência na videconômicasocial e política, que constituiu as bases da comunidade judaica, com seus próprioorganismos ddireção.
Os árabes reagiram muitas vezes por causa dinvasão dojudeus, e o governo turco, qudominava regiãotentou repetidamente obstar a imigração judaica. No fida Primeira Guerra MundialInglaterrconquistou a Palestina aos turcos. Liga das Nações outorgou à Inglaterra mandato sobre a Palestina. E1917Lord Balfourgovernador inglês da Palestinareconhece o direito judeu ao estabelecimento de um lar nacional na Palestinasem prejuízo das coletividades não-judaicas da regiãoNessa época surgiu a liderança de Chaim Weizmann, quse dedicou totalmente à causa do sionismomantendo contato com o governo britânico e os lídereárabes.
Em 1922 Inglaterra separou a Transjordânia do resto da Palestina, criando o Reino Hachemita Independente. Com isso ficou reduzida a áreas em que os judeus poderiam estabeleceseu lar nacionajuntamente com os demais palestinosAopoucos, porém, os árabes aumentaram sua oposição à ideida criação dEstado judaico, e o governo mandatário fez cada vez mais restrições à imigração e ao estabelecimento judaico na PalestinaCresciantagonismo entre os nacionalismos árabe e judeu, verificando-se choquee distúrbios. Surgiu então a Haganah (defesa), organismo judaico dautodefesa.
Graças ao trabalho de Eliezer Ben-Iehudá, a língua hebraica foi ressuscitada como língua oficial de IsraelEm 1916 foi criada a Universidade Hebraica. Multiplicavam-sas colônias coletivas. Em 1922 foi publicado o Livro branco de Winston Churchill, ministro das colônias do governo britânico, restringindo oficialmente a imigração judaica. Os árabepalestinos, cujos anseios nacionalistas iam obtendo vitórias no Oriente Médio, se opunham categoricamente à imigração e ao Estado judaico. Em 1930, foi publicado novo Livro branco britânico, que determinava que somente 75 mil imigrante judeus seriam ainda admitidos nPalestinano espaço de cinco anosao cabo dos quais o mandato seria extinto e criado o governo local de maioria árabe. Em 1929 e 1936 irromperam violentos distúrbios, ao mesmo tempo em que milhares de imigrantes buscavam a Palestina fugindda ameaça dnazismo.
Em 1937uma comissãchefiadpor Lord Peepublicou um relatório recomendando partilha da Palestina entrárabes e judeus - caberiaaojudeus 3.200 km2Chaim Weizmann via na proposta um reconhecimento da necessidade de um Estado judaicomas achava o território muito pequenoOs áraberejeitaram a recomendação porquachavam exagerado o territóriquos judeuconsideravam ínfimo. A Haganah e outras forçajudaicas laaram-se à organizaçãda imigração ilega(aliah bet). Burlando a vigilância dos soldados britânicos, faziam aportar à noite às costada Palestina barcos corefugiados judeus.
Ao fim da Segunda Guerra, a tragédido Holocausto despertou na Europa uma consciência de culpaA ideida criação de um lajudaico nPalestina começou a consolidar-se. Os líderes sionistas, notadamente David Ben-Gurioe Moshé SharetsouberaaproveitaocasiãoCom endosso do presidente Trumanfoi recomendada a admissão imediata d100 mirefugiados judeus na Palestina. O governo britânico manteve o veto do Livro branco d1930Recrudesceram oconflitos árabes-judeus. Em 2 de abril de 1947o governo britânicodeclarando-simpotente para solucionar o problema, transferiu-o para a Organização das Nações UnidasEm 1º de setembrd1947uma comissãespeciade 11 membroda ONU recomendodivisão dPalestina em dois Estados: um árabe e um judaicoquestão dPalestina foi evada à Assembleia Gerada ONU, presidida pelo brasileiro Oswaldo AranhaNo dia 29 dnovembro de 1947foi votadpartilha da Palestina, com a criaçãdo Estadjudaico, que abrangeri14.240 km2com uma população d536 mijudeus e 39miárabes. O restantdterritório palestino seria um Estado árabe que abrigaria 804 mil árabes e 10 mil judeus.

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BIBLIOGRAFIA (TERRA, J. A questão da Palestina. São Paulo: Loyola, 2004)



[1] TERRA, J., 2004, pp.09-11

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