que não se pode exigir o amor de ninguém, no entanto pode-se dar boas razões para que aprendam a gostar de nós e, principalmente ter paciência, para que a própria vida se encarregue de fazer o restante.
quarta-feira, 21 de dezembro de 2011
DA COLEÇÃO: APRENDE-SE: SOBRE O AMOR
que não se pode exigir o amor de ninguém, no entanto pode-se dar boas razões para que aprendam a gostar de nós e, principalmente ter paciência, para que a própria vida se encarregue de fazer o restante.
A MÚSICA NA EDUCAÇÃO INFANTIL
RESUMO
Esse artigo tem por objetivo apresentar uma
das contribuições que pode ser inserida na prática pedagógica da escola,
visando ao desenvolvimento integral da criança: o ensino de música na educação
infantil e as interações que isso proporciona. A música, sendo um dos elementos
contribuintes para o desenvolvimento da inteligência e a interação da criança,
ressalta uma aprendizagem e domínio de uma linguagem universal, desde os
primeiros contatos da criança com o seu meio familiar até a sua introdução no
mundo social. Expõe as dificuldades encontradas para a efetiva prática e aponta
para as vantagens em se ter o ensino de música no sistema educativo, remetendo
aos estudos sobre as inteligências múltiplas, de Howard Gardner, que coloca a
inteligência musical como uma das múltiplas inteligências, podendo contribuir
para a harmonia pessoal, facilitando a interação e a inclusão social.
PALAVRAS – CHAVE: Música.
Educação musical. Desenvolvimento infantil.
Quer saber mais? Siga o link:
Gentilmente cedido pela autora: Maria Aparecida dos Santos
CAMINHOS DE EXISTÊNCIA
O CAMINHO
DO MERO SUCESSO PROFISSIONAL.
A prioridade na
vida decide sobre o caminho existencial. O executivo põe a profissão no centro.
Em tomo dela giram a família, o sucesso, o dinheiro, a glória, o poder. Vocação
e profissão se separam. O profissional busca competência, eficiência,
produtividade. Anseia por reconhecimento social. Sem ele, sente-se um
"zero à esquerda". Na cultura atual do trabalho, o profissional
cresce em importância. Cumpre função socialmente etiquetada. A profissão
humaniza-o, realiza-o.
Exige-lhe
habilidades. Entra numa roda-viva de estudos e títulos para adquirir sempre
maior credibilidade diante da sociedade e assim obter êxito e remuneração. Não
para de fazer cursos de especialização, de extensão, de credenciamento. Não
suporta fracasso. A velhice, a doença, a aposentadoria batem quais tristes
anúncios do fim.
Na idade produtiva,
o profissional investe tempo, energia, dinheiro no próprio aperfeiçoamento.
Caminho marcado por muitos percalços: falta de estabilidade no emprego,
desemprego, necessidade crescente de especialização.
A via do
profissional não se pergunta nem se interessa pelo lado vocacional da
existência. Satisfaz-se unicamente com a realização competente na profissão.
Não frequenta o mundo da gratuidade, da motivação, próprio da vocação. Tem a
sedução do êxito nos anos verdes. Não pensa na possibilidade de situações
adversas em que a vocação traria luzes e consolo. Não, prefere empenhar-se
exclusivamente pela estrada do sucesso, do dinheiro, da realização socialmente
reconhecida. Ostenta títulos, o nome da firma em que trabalha. Carece da
dimensão altruísta e de entrega própria da vocação. Não conhece gratuidade,
generosidade, serviço aos outros. Caminho desgastante e, a longo prazo,
frustrante.
J. B. Libanio, sj
__________
FONTE:(O Domingo, ANO LXXIX - Remessa XVI – 18/12/2011- nº59)
FONTE:(O Domingo, ANO LXXIX - Remessa XVI – 18/12/2011- nº59)
terça-feira, 29 de novembro de 2011
BILU E JOAO (NALIN, S.)
Bilú e João
Introdução
Este
trabalho vem mostrar sobre duas crianças pobres João e Bilú que pegam materiais
recicláveis para sobreviver e eles moram na favela.
Contém
uma conclusão e uma bibliografia básica.
Desenvolvimento
Em São Paulo tinham duas crianças muito pobres que viviam em uma
favela, e para sua sobrevivência catavam latinhas, papelão e metais. Com o
dinheiro que eles vendiam os materiais alugaram uma carroça para continuar
pegando os materiais que as pessoas jogavam e para eles eram os seus sustentos.
Enquanto
João empurrava a carroça Bilú pegava as latinhas que encontrava na feira e para
eles era uma “diversão”.
A
violência ocorre quando um dos donos de uma banca de frutas pede para as
crianças que levem a mercadoria a um determinado lugar, mas tinha uns meninos
que falaram que eles mandavam lá e as crianças não podiam roubar sua freguesia
então começaram a bater em João.
As
crianças inventaram um jogo que se brincava com moedas e eles cobravam a
partida e todos queriam jogar, este jogo fez muito sucesso e com isso eles
ganhavam dinheiro.
Quando
as crianças saem trabalhas eles enfrentam diversos perigos.
As
crianças trabalham muito em busca de um sonho, que no fim do trabalho não
consegue se realizar.
A
história de Bilú e João é comum na vida de muitas crianças que para sobreviver
precisam trabalhar o dia inteiro.
Conclusão
João
e Bilú eram duas crianças pobres que moravam na favela e para sobreviver eles
pegavam materiais recicláveis.
Além
de trabalhar nas ruas catando materiais eles também sofrem violência.
Este
vídeo dá exemplo do que ocorre com as crianças na realidade do dia a dia.
Bibliografia
curtametragem: Bilu e João. Disponível em: www.jaueras.blogspot.com. Acesso
em: 23/10/11
cedido pela autora: Sharrini
Nalim, 30, 1ºA
BILU E JOAO (FELIX, K)
Bilú e João
Introdução
Este
trabalho apresenta a história de duas crianças pobres que moram em uma favela e
que para sobreviver eles precisam catar papelão e metal nas ruas.
Contém
uma conclusão e uma bibliografia básica.
Desenvolvimento
Bilú
e João são duas crianças pobres que moram numa favela e catam papelão e metal
para sobreviver.
Quando
eles saem para trabalhar eles correm muitos perigos, mas apesar das
dificuldades eles tem que continuar trabalhando para sobreviver.
Para
catar o papelão e os metais eles alugam uma carroça e saem sozinhos pelas ruas
a procura dos materiais.
Umas
das dificuldades que eles enfrentam é que alguns garotos dizem mandar em certos
locais e quem vai lá sem autorização deles é agredido, isso aconteceu com João
quando ele estava numa feira e um garoto bateu nele porque ele estava como
disse o menino, roubando sua freguesia.
Bilú
vai atrás de João catar papelão e metal porque queria comprar batata frita, mas
no final do trabalho ela não conseguiu comprar a batata, pois durante o
percurso a roda da carroça furou, choveu e o papelão ficou todo molhado então o
dono do depósito descontou dinheiro dos garotos e o que sobrou só dava para
alugar a carroça de novo para trabalhar outro dia.
A
história de Bilú e João é comum na vida de muitas outras crianças que para
sobreviver tem que trabalhar desde muito cedo.
Percebesse
que eles são pobres porque para saciar um pequeno desejo eles precisam
trabalhar um dia inteiro e ás vezes eles não conseguem saciar o desejo.
Conclusão
Eu
concluo que Bilú e João são duas crianças pobres que para sobreviver eles
precisam trabalhar catando materiais recicláveis nas ruas o dia inteiro.
Apesar
da fictícia a história relata a realidade de muitas crianças.
Na
rua as crianças passam por diversas dificuldades, mesmo assim eles continuam trabalhando em busca de
realizar um desejo, um sonho.
Bibliografia
curtametragem: Bilu e João. Disponível em: www.jaueras.blogspot.com. Acesso
em: 23/10/11
cedida pela autora: Kelly Felix, 20, 1ºA
quarta-feira, 16 de novembro de 2011
APRENDI... WALT DISNEY
"E assim, depois de muito esperar, n
um dia como outro qualquer,
decidi triunfar...
Decidi não esperar as oportunidades e sim, eu mesmo buscá-las.
Decidi ver cada problema como uma oportunidade de encontrar uma solução.
Decidi ver cada deserto como uma possibilidade de encontrar um oásis.
Decidi ver cada noite como um mistério a resolver.
Decidi ver cada dia como uma nova oportunidade de ser feliz.
[...]
Naquele dia descobri que meu único rival não era mais que minhas próprias limitações
e que enfrentá-las era a única e melhor forma de as superar.
Naquele dia, descobri que eu não era o melhor e que talvez eu nunca tivesse sido.
Deixei de me importar com quem ganha ou perde.
Agora me importa simplesmente saber melhor o que fazer.
Aprendi que o difícil não é chegar lá em cima, e sim deixar de subir.
Aprendi que o melhor triunfo é poder chamar alguém de"amigo".
Descobri que o amor é mais que um simples estado de enamoramento, "o amor é uma filosofia de vida".
Naquele dia, deixei de ser um reflexo dos meus escassos triunfos passados
e passei a ser uma tênue luz no presente.
Aprendi que de nada serve ser luz se não iluminar o caminho dos demais.
Naquele dia, decidi trocar tantas coisas...
Naquele dia, aprendi que os sonhos existem para tornar-se realidade.
E desde aquele dia já não durmo para descansar...
simplesmente durmo para sonhar."
terça-feira, 15 de novembro de 2011
A DEVORAÇÃO DA ESPERANÇA NO PRÓXIMO
"(...) No individualismo
contemporâneo, a impessoalidade converteu-se em indiferença e os elos afetivos
da intimidade foram cercados de medo, reserva, reticência e desejo de
autoproteçâo. Pouco a pouco, desaprendemos a gostar de "gente". Entre
quatro paredes ou no anonimato das ruas, o semelhante não ê mais o
próximo-solidário; é o inimigo que traz intranqüilidade, dor ou sofrimento.
Conhecer alguém; aproximar-se de alguém; relacionar-se intimamente com alguém
passou a ser uma tarefa cansativa. Tudo é motivo de conflito, desconfiança,
incerteza e perplexidade. Ninguém satisfaz a ninguém. Na praça ou na casa
vivemos - quando vivemos! - uma felicidade de meio expediente, em que reina a
impressão de que perdemos a vida 'em colherinhas de café"'.
As elites ocidentais são elites sem causa
e, no Brasil, estamos repetindo o que, secularmente, aprendemos a imitar. Como nossos
modelos europeus e americanos, reagimos ao sentimento de miséria em meio ã
opulência com apatia, imobilidade e conformismo. Construir um mundo justo? Para
quê? Para quem? Por acaso um mundo mais justo seria aquele em que todos
pudessem ter acesso ao que as elites têm? Mas o que têm as elites a oferecer?
Consumo, tédio, insatisfação e ostentação. Bem ou mal, em nossa tradição moral
e intelectual, respondíamos às crises de identidade reinventando utópicas
formas de vida em mundos melhores. Hoje, aposentamos os 'Rousseau'. Em vez de
utopias, manuais de auto-ajuda, psicofármacos, cocaína e terapêuticas diversas
para os que têm dinheiro; banditismo, vagabundagem, mendicância ou religiosismo
fanático para os que apenas sobrevivem (...)
(...) Fizemos de nossas vidas claustros sem
virtudes; encolhemos nossos sonhos para que coubessem em nossas ínfimas
singularidades interiores; vasculhamos nossos corpos, sexos e sentimentos com a
obsessão de quem vive um transe narcísico, e, enfim, aqui estamos nós,
prisioneiros de cartões de crédito, carreiras de cocaína e da dolorosa
consciência de que nenhuma fantasia sexual ou romântica pOde saciar a
voracidade com que desejamos ser felizes. Sozinhos em nossa descrença,
suplicamos proteção a economistas, policiais, especuladores e investidores estrangeiros,
como se algum deles pudesse restituir a esperança "no próximo" que a
lógica da mercadoria devorou ( ... )”
(FREIRE COSTA. Jurandir. Folha de S,Pou(o. 22 set, 1996.
Maisl 5" Caderno. p, 5-8.
In: AAVV.
Para filosofar. São Paulo: Scipione, 2002, pp. 116-117)
NARCISISMO - A IMPOSSIBILIDADE DO AMOR
EGOÍSMO E NARCISISMO
o egoísmo caracteriza-se como
ausência de auto-estima. Aparentemente, o indivíduo egoísta ama, sobretudo, a
si mesmo e autovaloriza-se ao extremo. Parece ter uma boa dose de amor-próprio,
mas, na verdade, é exatamente o
contrário: trata-se de uma pessoa carente que busca retirar dos outros aquilo
que lhe falta.
Por ser uma personalidade exploradora que
"quer" tudo para si, o egoísta não desenvolve a amizade. É incapaz de perceber a presença de
outros "eus" com expectativas e projetos próprios,
diferentes dos seus. Na relação a dois - amor erótico - transforma o parceiro
em objeto. O egoísta não sabe conviver de maneira sadia, pois torna os outros
apêndices de seus desejos.
O egoísmo é um traço sombrio do instinto de sobrevivência. É particularmente forte na infância e deve atenuar-se aos
poucos, com o desenvolvimento da personalidade.
Uma sociedade que reforça o individualismo cria
condições para a manutenção indefinida do egocentrismo infantil, gerando, com
isso, um comportamento patológico e doentio:
o narcisismo.
O mito de Narciso
Em tempos idos, na
Grécia, o rio Cefiso engravidou a ninfa Liríope. Meses depois, Liríope, apesar
de não desejar a gravidez, deu à luz uma criança de beleza extraordinária, Por causa disso,
Liríope consultou o adivinho Tirésias sobre o futuro de seu filho, e ele vaticinou
que Narciso viveria, desde que nunca visse sua própria imagem.
Um dia, porém, estando
sedento, Narciso aproximou-se das águas plácidas de um lago e, ao curvar-se
para beber, viu sua imagem refletida no espelho das águas. Maravilhado com sua
própria figura, apaixonou-se por si mesmo. Desesperadamente, passou a precisar
do objeto de seu amor, viu que não conseguiria mais viver sem aquele ser
deslumbrante, Sua vida reduziu-se à contemplação daquele jovem tão belo: desejava-o,
queria possuí-lo. Desvairado, inclinando-se cada vez mais ao encontro do ser
amado, mergulhou nos braços frios da morte.
Às margens do lago,
nasceu uma entorpecedora flor: o narciso. Ela relembra para sempre o destino
trágico daquele que, aparentemente apaixonado por si mesmo, era, na verdade,
incapaz de amar.
A psicologia distingue duas formas de narcisismo:
o primário e o secundário. No narcisismo
primário, a criança nos primeiros meses de vida não se distingue do mundo
exterior. Forma uma unidade tão completa com a mãe que não percebe que as
necessidades, as carências, estão dentro dela, enquanto a fonte de satisfação
está fora, na mãe. Unida com a mãe, sente-se um ser completo e feliz. Aos
poucos, começa a perceber que ela é uma
pessoa e a mãe, outra. Toma consciência de sua dependência do mundo exterior
para a satisfação de suas necessidades. Rompido o vínculo narcisista primário,
a criança dará o primeiro passo para o desenvolvimento satisfatório de sua
personalidade.
Quando esse rompimento é doloroso e insatisfatório, tem-se o narcisismo
secundário. A criança, e mais tarde o adulto, criará um ego idealizado que se
confundirá com seu próprio eu. Imaginar-se-á poderosa, sem necessidade dos
outros, e ficará envaidecida com sua pseudoperfeição. Não poderá, então,
interessar-se de verdade pelos outros, simplesmente os usará quando servirem
para o enaltecimento de seu "poder" e de suas "qualidades".
O AMOR E A SOCIEDADE NARSÍCA
O narcisismo revela a incapacidade
de relação amorosa autêntica. O narcisista só se interessa por quem alimenta a
imagem engrandecida e envaidecida que ele faz de si mesmo - o eu idealizado,
narcísico. Como esse eu não corresponde a nenhuma pessoa real, as relações
narcísicas são superficiais e insatisfatórias. O narcisista é contraditório: precisa do outro para manter sua
auto-imagem, mas não consegue relacionar-se amorosamente com ele.
A sociedade contemporânea, individualista, sem
espírito comunitário e dependente do consumo, desenvolve condições para que o
narcisismo aflore.As propagandas investem nos indivíduos, alisando-lhes o ego e
tratando-os como onipotentes e merecedores de ver todos os seus desejos
satisfeitos.
A pessoa se sente engrandecida, à medida que adquire e possui
coisas. Não admite mais as frustrações da vida, reagindo a elas de maneira
infantil e destrutiva. A insatisfação permanente, gerada pela impossibilidade
de ter os desejos satisfeitos, segundo as promessas do sistema, torna as
pessoas agressivas e violentas. A violência é a
outra forma da onipotência.
Na sociedade narcísica, quase não há mais lugar
para valores como justiça, honestidade e integridade Vigora a lei do mais
esperto, que procura levar vantagem em tudo. Os Membros dessa sociedade
comportam-se como se estivessem diante das câmeras, representando, buscando o
melhor ângulo, exibindo o melhor sorriso, caprichando na performance, porque outra característica da
personalidade narcísica é a necessidade
constante da admiração alheia. Os elogios dos outros funcionam como um
espelho em que o narcisista vê a sua própria imagem refletida. Tudo nessa sociedade
transforma-se em espetáculo, inclusive a política.
O desejo permanente de fama, sucesso e beleza leva os indivíduos a
temer e rejeitar a velhice; por isso, a eterna juventude é glorificada e a velhice,
execrada. Envelhecer é crime. Na sociedade narcísica, as pessoas são vazias,
incapazes de relações profundas e verdadeiras. Daí a quase impossibilidade de
amor entre elas. Não de ser sintomático o surgimento da expressão "ficar
com alguém". Ficar, ao contrário
de amar, é o verbo da moda.
Superar o narcisismo é desenvolver a capacidade de encontro e de
sensibilidade para com o outro, é ser capaz de responder ao seu apelo.
FONTE:
______________________
(AAVV.
Para filosofar. São Paulo: Scipione, 2002, pp. 108-111)
segunda-feira, 7 de novembro de 2011
BILU E JOAO (ALMEIDA, F.S.G; GAMA, G.)
I - Introdução
O trabalho será apresentado sobre o curtametragem Bilu e João.
Será
apresentado um breve relato sobre o modo difícil de sobrevivência que
eles tiveram que se adaptar e sua luta para se manterem catando restos
de papelão e metal nas ruas de São Paulo.
Sem tempo para aproveitarem sua infância, eles tentam persistir no sonho para um futuro melhor.
II- Desenvolvimento
2.1 Quem é Bilu?
Bilu
é uma menina que deseja muito que sua vida seja melhor, mas as
condições em que ela habita é exatamente o contrário disso o que
dificulta sua realização.
2.2 Quem é João?
João
é um garoto que vivia pelas ruas garantindo a sua sobrevivência e da
sua irmã. Seu sonho é ter uma ferrari e participar de corridas de
fórmula 1.
2.3 Onde vivem?
Em uma favela nas ruas de São Paulo.
2.4 Eles são pobres ou não?
Sim, pois eles não tem renda mínima e fixa.
2.5 Como acontece a violência?
Há muita disputa entre os lugares nas ruas para conseguir dinheiro e isso gera muitos conflitos que os prejudicam bastante.
2.6 Como as instituições poderiam acabar com a situação deles?
Como
eles ainda são crianças, poderiam entrar em lares adotivos ou
instituições de caridade que poderiam mante-los vivos até pelo menos
atingir sua idade adulta.
III- Conclusão
Nós
concluimos que o curtametragem ''Bilu e João'' trata de duas crianças
que vivem uma realidade complicada e que aos olhos de muitos, é
desconhecida. A única coisa que eles têm e que ninguém pode tirar
através da violência sofrida são seus sonhos e suas vontades de ter um
futuro melhor.
IV - Bibliografia
Curtametragem "Bilu e João".Disponível em: www.jaueras.blogspot.com/joaoebilu.Acessado em 24/10/2011.
________________________
Com permissão das autoras (Flavia Serigato Gomes de Almeida e GG são alunas do 1º Ano, da Escola Estadual Dr. Jorge Coury - Piracicaba)
sexta-feira, 4 de novembro de 2011
RESENHA: ESCRAVIDAO CONTEMPORANEA (ALMEIDA, J.S)
Sakamoto, L. Trabalho Escravo no
Brasil no século XXI, Brasil, OIT. Disponível em: www.oitbrasil.org.br/sakamoto
O texto aborda um tema que
deveria ter sido extinto desde 1888, quando foi assinada a Lei Áurea, a favor
da abolição da escravatura, mas que continua presente em nosso cotidiano. De
narrativa simples e concisa, linguagem fácil, o texto tem aproximadamente 26
páginas, mas, para uso nessa atividade, evidenciamos apenas um pequeno trecho.
Apresentado em 3ª pessoa, o que não torna o leitor mais alheio ao que acontece,
muito pelo contrário - o torna mais próximo da angustiante rotina do garoto.
Pedro, 13 anos, vive na rua, e trabalha na floresta amazônica, derrubando árvores para o patrão. Perdeu a conta de quanta dificuldade o assombra, desde o café-da-manhã insosso até a ferramenta de trabalho de 14 quilos (lembre-se: o menino tem apenas 13 anos...). Medo, insegurança e tantos outros fatores tornam o trabalho muito mais difícil. Mas o menino tem esperança de dias melhores, e talvez pense sobre isso, enquanto descansa, exausto, embaixo da tenda amarela que lhe serve de ''casa'' nos dias de semana. Foi ''libertado'' em 2003, em uma fazenda a oeste de Marabá, Sudesde do Pará.
O texto apresenta claramente, um processo de coisificação, desumanização do homem, do menino em questão.
O trabalhador é submetido a trabalho forçado e degradante, por falta de oportunidades melhores. Não é de princípios cidadãos as condições de trabalho e vida que é obrigado a aceitar.
O texto de Sakamoto data de 2007
- ou seja, 119 anos após o fim da escravidão. A exploração sexual, o tráfico de
pessoas, exemplifica também esse processo de 'coisificação', em que o outro não
é mais o outro, e sim um simples objeto.
Esse processo pode consistir em escravidão voluntária (por medo, prazer, desejo), por dívidas ou por lei. A obra de Sakamoto pode ser realmente útil para o entendimento desse processo, sendo, então, do interesse de alunos do Ensino Médio e também do Fundamental, afinal, na escola nos é ensinado que a escravidão não existe a mais de 100 anos, o que, infelizmente, não é verdade - como constatamos.
Sou Juliana Silva de Almeida, aluna do 3ª ano do Ensino Médio da Escola Estadual Dr Jorge Coury - Piracicaba SP
_______________
Cedida gentilmente pela autora.
RESENHA: ESCRAVIDAO CONTEMPORANEA (BRITO, A.P.G.)
Sakamoto, Leonardo (coord). Trabalho escravo no Brasil
do séc XXI. Brasil: Organização Internacional do trabalho. Disponível
em:www.oitbrasil.org.br/sakamoto. Acesso em 17 out. 2011
O meu trabalho apresenta o estudo do trabalho escravo no
Brasil do séc XXI, tendo como base o texto escravidão contemporânea,esse texto
nos mostra o fim do direito de propriedade de uma pessoa sobre a outra(Lei
áurea).Lei que foi assinada em 13 de maio de 1888,mas ainda não foi um problema
resolvido,pois a fazendeiros que praticam esse crime,aliciando trabalhadores
com propostas de salário,alojamento e comida.
Nesse texto nos mostra que os fazendeiros mandam os gatos
recrutarem pessoas em regiões distantes do local da prestação de serviços.Os
tais gatos oferecem "adiantamentos” para a família e garantia de
transporte gratuito até o local de trabalho, isso e só para seduzir os trabalhadores,
mas ao chegarem no local do serviço, veem situações completamente diferentes
das prometidas.E com as fazendas distantes dos locais de comércio, os trabalhadores
se submetem totalmente ao sistema de "Baracão", imposto pelo gato ou
fazendeiro. E os trabalhadores não poderão ir embora, será impedido sob
alegação de que está endividado, e não poderá sair enquanto não pagar a divida.
Meu pensamento é que devia haver mais leis rigorosas a
isso, e fiscalizações maiores a esse tipo de pratica de crime, que nunca acaba
em nosso pai. Esse texto deveria ser direcionado á sociedade e principalmente
para o governo, pois as pessoas que não conseguem subir na vida acabam sendo
seduzidas por esses golpes e assim aumenta o trabalho escravo.
O autor Leonardo Sakamoto é jornalista e Dr em ciência política.
Cobriu conflitos armados e o desrespeito aos direitos humanos em Timor Leste, Angola
e no Paquistão.Professor de jornalismo na Puc - SP e ex professor na Usp, trabalhou
em diversos veículos de comunicação,coordenador da Ong repórter Brasil e seu
representante na comissão nacional para a erradicação do trabalho escravo.
Adson Polinele
Gomes Brito, estudante do Terceiro Ano do Ensino Médio da E.E.Dr.Jorge Coury, em
Piracicaba-SP.
__________________
Cedido gentilmente pelo autor.
quinta-feira, 3 de novembro de 2011
HEIDEGGER E A ESTETICA
Heidegger é o
filósofo da crítica do esquecimento. Para ele, a história da filosofia
ocidental é marcada pelo esquecimento da verdade. Ele próprio fez essa
experiência quando se afilou ao nazismo, tendo de ocultar suas verdades e suas
referências para poder seguir naquela situação.
Lúcia SANTAELLA, ao
comentar, Heidegger, trás que para ele:
A história da filosofia ocidental é a
história do esquecimento da fonte da verdade. Esta não se confunde com a
correspondência simples e referencial entre proposições definidas e uma
realidade externa e fixa, mas é um evento de desvelamento e revelação (1994,
p.92).
Heidegger se lembra
do desvelamento e da revelação. Ora, esses dois termos se aproximam muito do
vivido por ele em tempos de catolicismo. Não que em ambos os termos tenham o
mesmo significado e o mesmo significante. Contudo, é sintomática essa retomada
pelo filósofo.
Tanto no desvelamento
quanto na revelação apontados por Heidegger, o que está na raiz é o véu.
Trata-se de alguma coisa que está sob um véu, sob um pano que não é muito
aparente, que é turvo, ou esquecido. Heidegger se propõe tanto a tirar esse véu
(des-velar) e de algum modo, ou a seu modo, mostrar o que há ali (revelar).
Em sua obra A origem da obra de arte (1950),
Heidegger afirmou que a arte é um dos meios pelos quais acontece a verdade. A
arte, como sendo uma das faces da estética, tem
a função de revelar a responsabilidade que acabe ao ser humano no preenchimento
do seu destino (SANTAELLA, 1994, p.92).
FONTES: (HUISMAN, Dicionário dos filósofos, 2001, p.472; COTRIM, Fundamentos da filosofia, 2005, p.216; CHALITA, Vivendo a filosofia, 2004, 400 p.)
EDUCACAO APOS AUSCHWITZ - Adorno
A exigência que Auschwitz não se repita é a primeira de todas para a
educação. De tal modo ela precede quaisquer outras que creio não ser
possível nem necessário justificá-la. Não consigo entender como até hoje
mereceu tão pouca atenção. Justificá-la teria algo de monstruoso em
vista de toda monstruosidade ocorrida. Mas a pouca consciência existente
em relação a essa exigência e as questões que ela levanta provam que a
monstruosidade não calou fundo nas pessoas, sintoma da persistência da
possibilidade de que se repita no que depender do estado de consciência e
de inconsciência das pessoas. Qualquer debate acerca de metas
educacionais carece de significado e importância frente a essa meta: que
Auschwitz não se repita. Ela foi a barbárie contra a qual se dirige
toda a educação. Fala-se da ameaça de uma regressão à barbárie. Mas não
se trata de uma ameaça, pois Auschwitz foi a regressão; a barbárie
continuará existindo enquanto persistirem no que têm de fundamental as
condições que geram esta regressão. E isto que apavora. Apesar da
não-visibilidade atual dos infortúnios, a pressão social continua se
impondo. Ela impele as pessoas em direção ao que é indescritível e que,
nos termos da história mundial, culminaria em Auschwitz. Dentre os
conhecimentos proporcionados por Freud, efetivamente relacionados
inclusive à cultura e à sociologia, um dos mais perspicazes parece-me
ser aquele de que a civilização, por seu turno, origina e fortalece
progressivamente o que é anticivilizatório. Justamente no que diz
respeito a Auschwitz, os seus ensaios O mal-estar na cultura e
Psicologia de massas e análise do eu mereceriam a mais ampla divulgação.
Se a barbárie encontra-se no próprio principio civilizatório, então
pretender se opor a isso tem algo de desesperador.
A reflexão a
respeito de como evitar a repetição de Auschwitz é obscurecida pelo fato
de precisarmos nos conscientizar desse elemento desesperador, se não
quisermos cair presas da retórica idealista. Mesmo assim é preciso
tentar, inclusive porque tanto a estrutura básica da sociedade como os
seus membros, responsáveis por termos chegado onde estamos, não mudaram
nesses vinte e cinco anos. Milhões de pessoas inocentes ---- e só o
simples fato de citar números já é humanamente indigno, quanto mais
discutir quantidades —foram assassinadas de uma maneira planejada. Isto
não pode ser minimizado por nenhuma pessoa viva como sendo um fenômeno
superficial, como sendo uma aberração no curso da história, que não
importa, em face da tendência dominante do progresso, do esclarecimento,
do humanismo supostamente crescente. O simples fato de ter ocorrido já
constitui por si só expressão de uma tendência social imperativa. Nesta
medida gostaria de remeter a um evento, que de um modo muito sintomático
parece pouco conhecido na Alemanha, apesar de constituir a temática de
um best-seller como Os quarenta dias de Musa Dagh, de Werfel. Já na
Primeira Guerra Mundial os turcos —- o assim chamado movimento turco
jovem dirigido por Enver Pascha e Talaat Pascha —— mandaram assassinar
mais de um milhão de armênios. Importantes quadros militares e
governamentais, embora, ao que tudo indica, soubessem do ocorrido,
guardaram sigilo estrito, O genocídio tem suas raízes naquela
ressurreição do nacionalismo agressor que vicejou em muitos países a
partir do fim do século XIX.
Além disso não podemos evitar
ponderações no sentido de que a invenção da bomba atômica, capaz de
matar centenas de milhares literalmente de um só golpe, insere-se no
mesmo nexo histórico que o genocídio. Tornou-se habitual chamar o
aumento súbito da população de explosão populacional: parece que a
fatalidade histórica, para fazer frente à explosão populacional, dispõe
também de contra-explosões, o morticínio de populações inteiras. Isto só
para indicar como as forças às quais é preciso se opor integram o curso
da história mundial.
Como hoje em dia é extremamente limitada a
possibilidade de mudar os pressupostos objetivos, isto é, sociais e
políticos que geram tais acontecimentos, as tentativas de se contrapor à
repetição de Auschwitz são irnpelidas necessariamente para o lado
subjetivo. Com isto refiro-me sobretudo também à psicologia das pessoas
que fazem coisas desse tipo. Não acredito que adianta muito apelar a
valores eternos, acerca dos quais justamente os responsáveis por tais
atos reagiriam com menosprezo; também não acredito que o esclarecimento
acerca das qualidades positivas das minorias reprimidas seja de muita
valia. É preciso buscar as raízes nos perseguidores e não nas vitimas,
assassinadas sob os pretextos mais mesquinhos. Torna-se necessário o que
a esse respeito uma vez denominei de inflexão em direção ao sujeito. É
preciso reconhecer os mecanismos que tornam as pessoas capazes de
cometer tais atos, é preciso revelar tais mecanismos a eles próprios,
procurando impedir que se tornem novamente capazes de tais atos, na
medida em que se desperta uma consciência geral acerca desses
mecanismos. Os culpados não são os assassinados, nem mesmo naquele
sentido caricato e sofista que ainda hoje seria do agrado de alguns.
Culpados são unicamente os que, desprovidos de consciência, voltaram
Contra aqueles seu ódio e sua fúria agressiva. E necessário contrapor-se
a uma tal ausência de consciência, é preciso evitar que as pessoas
golpeiem para os lados sem refletir a respeito de si próprias. A
educação tem sentido unicamente como educação dirigida a uma
auto-reflexão crítica. Contudo, na medida em que, conforme os
ensinamentos da psicologia profunda, todo caráter, inclusive daqueles
que mais tarde praticam crimes, forma-se na primeira infância, a
educação que tem por objetivo evitar a repetição precisa se concentrar
na primeira infância. Já mencionei a tese de Freud acerca do mal-estar
na cultura. Ela é ainda mais abrangente do que ele mesmo supunha:
sobretudo porque, entrementes, a pressão civilizatória observada por ele
multiplicou-se em uma escala insuportável. Por essa via as tendências à
explosão a que ele atentara atingiriam uma violência que ele
dificilmente poderia imaginar. porém o mal-estar na cultura tem seu lado
social ---- o que Freud sabia, embora não o tenha investigado
concretamente. É possível falar da claustrofobia das pessoas no mundo
administrado, um sentimento de encontrar-se enclausurado numa situação
cada vez mais socializada, como uma rede densamente interconectada.
Quanto mais densa é a rede, mais se procura escapar, ao mesmo tempo em
que precisamente a sua densidade impede a saída. Isto aumenta a raiva
contra a civilização. Esta torna-se alvo de uma rebelião violenta e
irracional.
Um esquema sempre confirmado na história das
perseguições é o de que a violência contra os fracos se dirige
principalmente contra os que são considerados socialmente fracos e ao
mesmo tempo ---- seja isto verdade ou não —- felizes. De uma perspectiva
sociológica eu ousaria acrescentar que nossa sociedade, ao mesmo tempo
em que se integra cada vez mais, gera tendências de desagregação. Essas
tendências encontram-se bastante desenvolvidas logo abaixo da superfície
da vida civilizada e ordenada. A pressão do geral dominante sobre tudo
que é particular, os homens individualmente e as instituições
singulares, tem uma tendência a destroçar o particular e individual
juntamente com seu potencial de resistência. Junto com sua identidade e
seu potencial de resistência, as pessoas também perdem suas qualidades,
graças a qual têm a capacidade de se contrapor ao que em qualquer tempo
novamente seduz ao crime. Talvez elas mal tenham condições de resistir
quando lhes é ordenado pelas forças estabelecidas que repitam tudo de
novo, desde que apenas seja em nome de quaisquer ideais de pouca ou
nenhuma credibilidade.
Quando falo de educação após Auschwitz,
refiro-me a duas questões: primeiro, à educação infantil, sobretudo na
primeira infância; e, além disto, ao esclarecimento geral, que produz um
clima intelectual, cultural e social que não permite tal repetição;
portanto, um clima em que os motivos que conduziram ao horror tornem-se
de algum modo conscientes. Evidentemente não tenho a pretensão de sequer
esboçar o projeto de uma educação nesses termos. Contudo, quero ao
menos indicar alguns pontos nevrálgicos. Com freqüência por exemplo, nos
Estados Unidos —- o espirito germânico de confiança na autoridade foi
responsabilizado pelo nazismo e também por Auschwitz. Considero esta
afirmação excessivamente superficial, embora na Alemanha, como em muitos
outros países europeus, comportamentos autoritários e autoridades cegas
perdurem com mais tenacidade sob os pressupostos da democracia formal
do que se ~‘4ueira reconhecer. Antes é de se supor que o fascismo e o
horror que produziu se relacionam com o fato de que as antigas e
consolidadas autoridades do império haviam ruído e se esfacelado, mas as
pessoas ainda não se encontravam psicologicamente preparadas para a
autodeterminação. Elas não se revelaram à altura da liberdade com que
foram presenteadas de repente. É por isso que as estruturas de
autoridade assumiram aquela dimensão destrutiva e ---- por assim dizer —
de desvario que antes, ou não possuíam, ou seguramente não revelavam.
Quando lembramos que visitantes de quaisquer potentados. já
politicamente desprovidos de qualquer função real, levam populações
inteiras a explosões de êxtase, então se justifica a suspeita de que o
potencial autoritário permanece muito mais forte do que o imaginado.
Porém quero enfatizar com a maior intensidade que o retorno ou não
retorno do fascismo constitui em seu aspecto mais decisivo uma questão
social e não uma questão psicológica. Refiro-me tanto ao lado
psicológico somente porque os demais momentos, mais essenciais, em
grande medida escapam à ação da educação, quando não se subtraem
inteiramente à interferência dos indivíduos.
Freqüentemente
pessoas bem-intencionadas e que se opõem a que tudo aconteça de novo
citam o conceito de vínculos de compromisso. A ausência de compromissos
das pesssoas seria responsável pelo que aconteceu. Isto efetivamente tem
a ver com a perda da autoridade, uma das condições do pavor
sadomasoquista. É plausível para o entendimento humano sadio evocar
compromissos que detenham o que é sádico, destrutivo, desagregador,
mediante um enfático "não deves". Ainda assim considero ser uma ilusão
imaginar alguma utilidade no apelo a vínculos de compromisso ou até
mesmo na exigência de que se reestabeleçam vinculações de compromisso
para que o mundo e as pessoas sejam melhores. A falsidade de
compromissos que se exige somente para que provoquem alguma coisa —-
mesmo que esta seja boa ----, sem que eles sejam experimentados por si
mesmos como sendo substanciais para as pessoas, percebe-se muito
prontamente. E espantosa a rapidez com que até mesmo as pessoas mais
ingênuas e tolas reagem quando se trata de descobrir as fraquezas dos
superiores. Facilmente os chamados compromissos convertem-se em
passaporte moral --— são assumidos com o objetivo de identificar-se como
cidadão confiável — ou então produzem rancores raivosos
psicologicamente contrários à sua destinação original. Eles significam
uma heteronomia, um tornar-se dependente de mandamentos, de normas que
não são assumidas pela razão própria do indivíduo, O que a psicologia
denomina superego, a consciência moral, é substituído no contexto dos
compromissos por autoridades exteriores, sem compromisso,
intercambiáveis, como foi possível observar com muita nitidez também na
Alemanha depois da queda do Terceiro Reich. Porém justamente a
disponibilidade em ficar do lado do poder, tomando exteriormente como
norma curvar-se ao que é mais forte, constitui aquela índole dos algozes
que nunca mais deve ressurgir. Por isto a recomendação dos compromissos
é tão fatal. As pessoas que os assumem mais ou menos livremente são
colocadas numa espécie de permanente estado de exceção de comando. O
único poder efetivo contra o princípio de Auschwitz seria autonomia,
para usar a expressão kantiana; o poder para a reflexão, a
autodeterminação, a não-participação.
Certa feita uma experiência
me assustou muito: numa viagem ao lago de Constância, eu lia num jornal
de Baden em que se informava acerca da peça Mortos sem sepuItura, de
Sartre, que representa as situações mais terríveis. A peça incomodava
visivelmente o critico. Mas ele não explicou este incômodo mediante o
horror da coisa que constitui o horror de nosso mundo, mas torceu a
questão como se, frente a uma posição como a de Sartre, que se ocupara
do problema, nós tivéssemos, por assim dizer, um sentido para algo mais
nobre: que não poderíamos reconhecer a ausência de sentido do horror.
Resumindo: o critico procurava se subtrair ao confronto com o horror
graças a um sofisticado palavrório existencial. O perigo de que tudo
aconteça de novo está em que não se admite o contato com a questão.
rejeitando até mesmo quem apenas a menciona, como se, ao fazê-lo sem
rodeios, este se tomasse o responsável, e não os verdadeiros culpados.
Em
relação ao problema de autoridade e barbárie considero importante um
aspecto que geralmente passa quase despercebido. Ele é mencionado numa
observação do livro O Estado da SS, de Eugen Kogon, que contém
abordagens importantes deste todo complexo e que não recebeu a atenção
merecida por parte da ciência e da pedagogia. Kogon afirma que os
algozes do campo de concentração em que ele mesmo passou anos eram em
sua maioria jovens filhos de camponeses. A diferença cultural ainda
persistente entre a cidade e o campo constitui uma das condições do
horror, embora certamente não seja nem a única nem a mais importante.
Repudio qualquer sentimento de superioridade em relação à população
rural. Sei que ninguém tem culpa por nascer na cidade ou se formar no
campo. Mas registro apenas que provavelmente no campo o insucesso da
desbarbarização foi ainda maior. Mesmo a televisão e os outros meios de
comunicação de massa, ao que tudo indica, não provocaram muitas mudanças
na situação de defasagem cultural. Parece-me mais correto afirmar isto e
procurar uma mudança do que elogiar de uma maneira nostálgica quaisquer
qualidades especiais da vida rural ameaçadas de desaparecer. Penso até
que a desbarbarização do campo constitui um dos objetivos educacionais
mais importantes. Evidentemente ela pressupõe um estudo da consciência e
do inconsciente da respectiva população. Sobretudo é preciso atentar ao
impacto dos modernos meios de comunicação de massa sobre um estado de
consciência que ainda não atingiu o nível do liberalismo cultural
burguês do século XIX.
Para mudar essa situação, o sistema normal
de escolarização, freqüentemente bastante problemático no campo, seria
insuficiente. Penso numa série de possibilidades. Uma seria — e estou
improvisando — o planejamento de transmissões de televisão atendendo
pontos nevrálgicos daquele peculiar estado de consciência. Além disto,
imagino a formação de grupos e colunas educacionais móveis de
voluntários que se dirijam ao campo e procurem preencher as lacunas mais
graves por meio de discussões, de cursos e de ensino suplementar.
Naturalmente sei que dificilmente essas pessoas serão muito bem-vistas.
Mas com o passar do tempo se estabelecerá um pequeno círculo que se
imporá e que talvez tenha condições de se irradiar.
Entretanto não
deve haver nenhum mal-entendido quanto à inclinação arcaica pela
violência existente também nas cidades, principalmente nos grandes
centros. Tendências de regressão — ou seja, pessoas com traços sádicos
reprimidos — são produzidas por toda parte pela tendência social geral.
Nessa medida quero lembrar a relação perturbada e patogênica com o corpo
que Horkheimer e eu descrevemos na Dialética do esclarecimento. Em cada
situação em que a consciência é mutilada, isto se reflete sobre o corpo
e a esfera corporal de uma forma não-livre e que é propicia à
violência. Basta prestar atenção em um certo tipo de pessoa inculta como
até mesmo a sua linguagem —-- principalmente quando algo é criticado ou
exigido — se torna ameaçadora, como se os gestos da fala fossem de uma
violência corporal quase incontrolada. Aqui seria preciso estudai também
a função do esporte. que ainda não foi devidamente reconhecida por uma
psicologia social crítica. O esporte é ambíguo: por um lado, ele pode
ter um efeito contrário à barbárie e ao sadismo, por intermédio do
fairplay, do cavalheirismo e do respeito pelo mais fraco. Por outro, em
algumas de suas modalidades e procedimentos, ele pode promover a
agressão a brutalidade C o sadismo, principalmente no caso de
espectadores. que pessoalmente não estão submetidos ao esforço e à.
disciplina do esporte; são aqueles que costumam gritar nos campos
esportivos. É preciso analisar de uma maneira sistemática essa
ambigüidade. Os resultados teriam que ser aplicados à vida esportiva na
medida da influência da educação sobre a mesma.
Tudo isso se
relaciona de um modo ou outro à velha estrutura vinculada à autoridade, a
modos de agir ---- eu quase diria — do velho e bom caráter autoritário.
Mas aquilo que gera Auschwitz, os tipos característicos ao mundo de
Auschwitz, constituem presumivelmente algo de novo. Por um lado, eles
representam a identificação cega com o coletivo. Por outro, são talhados
para manipular massas, coletivos, tais como os Himmler, Höss, Eichmann.
Considero que o mais importante para enfrentar o perigo de que tudo se
repita é contrapor-se ao poder cego de todos os coletivos, fortalecendo a
resistência frente aos mesmos por meio do esclarecimento do problema da
coletivização. Isto não é tão abstrato quanto passa parecer ao
entusiasmo participativo. especialmente das pessoas jovens, de
consciência progressista. O ponto de partida poderia estar no sofrimento
que os coletivos infligem e se filiam a eles. Basta pensar nas
primeiras experiências de cada um na escola. ~ preciso se opor àquele
tipo de folk-ways, hábitos populares, ritos de iniciação de qualquer
espécie, que infligem dor física —muitas vezes insuportável -— a uma
pessoa como preço do direito de ela se sentir um filiado, um membro do
coletivo. A brutalidade de hábitos tais como os trotes de qualquer
ordem, ou quaisquer outros costumes arraigados desse tipo, é precursora
imediata da violência nazista. Não foi por acaso que os nazistas
enalteceram e cultivaram tais barbaridades com o nome de "costumes". Eis
aqui um campo muito atual para a ciência. Ela poderia inverter
decididamente essa tendência da etnologia encampada com entusiasmo pelos
nazistas, para refrear esta sobrevida simultaneamente brutal e
fantasmagórica desses divertimentos populares.
Tudo isso tem a ver
com um pretenso ideal que desempenha um papel relevante na educação
tradicional em geral: a severidade. Esta pode até mesmo remeter a uma
afirmativa de Nietzsche, por mais humilhante que seja e embora ele na
verdade pensasse em outra coisa. Lembro que durante o processo sobre
Auschwitz, em um de seus acessos, o terrível Boger culminou num elogio à
educação baseada na força e voltada à disciplina. Ela seria necessária
para constituir o tipo de homem que lhe parecia adequado. Essa idéia
educacional da severidade, em que irrefletidamente muitos podem até
acreditar, é totalmente equivocada. A idéia de que a virilidade consiste
num grau máximo da capacidade de suportar dor de há muito se converteu
em fachada de um masoquismo que — como mostrou a psicologia — se
identifica com muita facilidade ao sadismo. O elogiado objetivo de "ser
duro" de uma tal educação significa indiferença contra a dor em geral.
No que, inclusive, nem se diferencia tanto a dor do outro e a dor de si
próprio. Quem é severo consigo mesmo adquire o direito de ser severo
também com os outros, vingando-se da dor cujas manifestações precisou
ocultar e reprimir. Tanto é necessário tornar consciente esse mecanismo
quanto se impõe a promoção de uma educação que não premia a dor e a
capacidade de suportá-la, como acontecia antigamente. Dito de outro
modo: a educação precisa levar a sério o que já de há muito é do
conhecimento da filosofia: que o medo não deve ser reprimido. Quando o
medo não é reprimido, quando nos permitimos ter realmente tanto medo
quanto esta realidade exige, então justamente por essa via desaparecerá
provavelmente grande parte dos efeitos deletérios do medo inconsciente e
reprimido.
Pessoas que se enquadram cegamente em coletivos
convertem a si próprios em algo como um material, dissolvendo-se como
seres autodeterminados. Isto combina com a disposição de tratar outros
como sendo uma massa amorfa. Para os que se comportam dessa maneira
utilizei o termo "caráter manipulador" em Authoritarian personality (A
personalidade autoritária), e isto quando ainda não se conhecia o diário
de Höss ou as anotações de Eichmann. Minhas descrições do caráter
manipulador datam dos últimos anos da Segunda Guerra Mundial. Às vezes a
psicologia social e a sociologia conseguem construir conceitos
confirmados empiricamente só muito tempo depois. O caráter manipulador —
e qualquer um pode acompanhar isto a partir das fontes disponíveis
acerca desses lideres nazistas —- se distingue pela fúria organizativa,
pela incapacidade total de levar a cabo experiências humanas diretas,
por um certo tipo de ausência de emoções, por um realismo exagerado. A
qualquer custo ele procura praticar uma pretensa, embora delirante,
realpolitik. Nem por um segundo sequer ele imagina o mundo diferente do
que ele é, possesso pela vontade de doing things, de fazer coisas,
indiferente ao conteúdo de tais ações. Ele faz do ser atuante, da
atividade, da chamada efficiency enquanto tal, um culto, cujo eco ressoa
na propaganda do homem ativo. Este tipo encontra-se, entrementes — a
crer em minhas observações e generalizando algumas pesquisas
sociológicas ----, muito mais disseminado do que se poderia imaginar. O
que outrora era exemplificado apenas por alguns monstros nazistas pode
ser constatado hoje a partir de casos numerosos, como delinqüentes
juvenis, lideres de quadrilhas e tipos semelhantes, diariamente
presentes no noticiário. Se fosse obrigado a resumir em uma fórmula esse
tipo de caráter manipulador — o que talvez seja equivocado embora útil à
compreensão — eu o denominaria de o tipo da consciência coisificada. No
começo as pessoas desse tipo se tornam por assim dizer iguais a coisas.
Em seguida, na medida em que o conseguem, tornam os outros iguais a
coisas. Isto é muito bem traduzido pela expressão aprontar, que goza de
igual popularidade entre os valentões juvenis e entre os nazistas. Esta
expressão aprontar define as pessoas como sendo coisas aprontadas em seu
duplo sentido. Conforme Max Horkheimer, a tortura é a adaptação
controlada e devidamente acelerada das pessoas aos coletivos. Algo disso
encontra-se no espirito da época, por menos procedente que seja falar
em espírito nesses termos. Enfim, resumirei citando Paul Valéry, que
antes da última Guerra Mundial disse que a desumanidade teria um grande
futuro. É particularmente difícil confrontar esta questão porque aquelas
pessoas manipuladoras, no fundo incapazes de fazer experiências, por
isto mesmo revelam traços de incomunicabilidade, no que se identificam
com certos doentes mentais ou personalidades psicóticas.
Nas
tentativas de atuar contrariamente à repetição de Auschwitz pareceu.me
fundamental produzir inicialmente uma certa clareza acerca do modo de
constituição do caráter manipulador, para em seguida poder impedir da
melhor maneira possível a sua formação, pela transformação das condições
para tanto. Quero fazer uma proposta concreta: utilizar todos os
métodos científicos disponíveis, em especial psicanálise durante muitos
anos, para estudar os culpados por Auschwitz, visando se possível
descobrir como uma pessoa se torna assim. O que aqueles ainda podem
fazer de bom é contribuir, em contradição com a própria estrutura de sua
personalidade, no sentido de que as coisas não se repitam. E essa
contribuição só ocorreria na medida em que colaborassem na investigação
de sua gênese. Obviamente seria difícil levá-los a falar; em nenhuma
hipótese poder-se-ia aplicar qualquer procedimento semelhante a seus
próprios métodos para aprender como eles se tornaram do jeito que são.
De qualquer modo, entrementes eles se sentem — justamente em seu
coletivo, com a sensação de que todos são velhos nazistas —-- tão
protegidos, que praticamente nenhum demonstrou nem ao menos remorsos.
Porém presumivelmente também neles, ou em alguns deles, existem pontos
de apoio psicológicos mediante os quais seria possível mudar isto, como,
por exemplo, seu narcisismo, ou, dito simplesmente, seu orgulho. Eles
se sentirão importantes ao poder falar livremente a seu respeito, tal
como Eichmann, cujas falas aparentemente preenchem fileiras inteiras de
volumes. Finalmente, é de supor que também nessas pessoas,
aprofundando-se suficientemente a busca, existam restos da velha
instância da consciência moral que se encontra atualmente em grande
parte em processo de dissolução. Na medida em que se conhecem as
condições internas e externas que os tornaram assim — pressupondo por
hipótese que esse conhecimento é possível —, seria possível tirar
conclusões práticas que impeçam a repetição de Auschwitz. A utilidade ou
não de semelhante tentativa só se mostrará após sua concretização; não
pretendo superestimá-la. É preciso lembrar que as pessoas não podem ser
explicadas automaticamente a partir de condições como estas. Em
condições iguais alguns se tornaram assim, e Outros de um jeito bem
diferente. Mesmo assim valeria a pena. O mero questionamento de como se
ficou assim já encerraria um potencial esclarecedor. Pois um dos
momentos do estado de consciência e de inconsciência daninhos está em
que seu ser-assim —que se é de um determinado modo e não de outro ---- é
apreendido equivocadamente como natureza, como um dado imutável e não
como resultado de uma formação. Mencionei o conceito de consciência
coisificada. Esta é sobretudo uma consciência que se defende em relação a
qualquer vir-a-ser, frente a qualquer apreensão do próprio
condicionamento, impondo como sendo absoluto o que existe de um
determinado modo. Acredito que o rompimento desse mecanismo impositivo
seria recompensador.
No que diz respeito à consciência
coisificada, além disto é preciso examinar também a relação com a
técnica, sem restringir-se a pequenos grupos. Esta relação é tão ambígua
quanto a do esporte, com que aliás tem afinidade. Por um lado, é certo
que todas as épocas produzem as personalidades — tipos de distribuição
da energia psíquica — de que necessitam socialrnente. Um mundo em que a
técnica ocupa uma posição tão decisiva como acontece atualmente, gera
pessoas tecnológicas, afinadas com a técnica. Isto tem a sua
racionalidade boa: em seu plano mais restrito elas serão menos
influenciáveis, com as correspondentes conseqüências no plano geral. Por
outro lado, na relação atual com a técnica existe algo de exagerado,
irracional, patogênico. Isto se vincula ao "véu tecnológico". Os homens
inclinam-se a considerar a técnica como sendo algo em si mesma, um fim
em si mesmo, uma força própria, esquecendo que ela é a extensão do braço
dos homens. Os meios —— e a técnica é um conceito de meios dirigidos à
autoconservação da espécie humana — são fetichizados, porque os fins —
uma vida humana digna — encontram-se encobertos e desconectados da
consciência das pessoas. Afirmações gerais como estas são até
convincentes. Porém uma tal hipótese ainda é excessivamente abstrata.
Não se sabe com certeza como se verifica a fetichização da técnica na
psicologia individual dos indivíduos, onde está o ponto de transição
entre uma relação racional com ela e aquela supervalorização, que leva,
em última análise, quem projeta um sistema ferroviário para conduzir as
vitimas a Auschwitz com maior rapidez e fluência, a esquecer o que
acontece com estas vítimas em Auschwitz. No caso do tipo com tendências à
fetichização da técnica, trata-se simplesmente de pessoas incapazes de
amar. Isto não deve ser entendido num sentido sentimental ou
moralizante, mas denotando a carente relação libidinal com Outras
pessoas. Elas são inteiramente frias e precisam negar também em seu
íntimo a possibilidade do amor, recusando de antemão nas outras pessoas o
seu amor antes que o mesmo se instale. A capacidade de amar, que de
alguma maneira sobrevive, eles precisam aplicá-la aos meios. As
personalidades preconceituosas e vinculadas à autoridade com que nos
ocupamos em Authoritarian Personality, em Berkeley, forneceram muitas
evidências neste sentido. Um sujeito experimental ---- e a própria
expressão já é do repertório da consciência coisificada -— afirmava de
si mesmo: "I like nice equipament" (Eu gosto de equipamentos, de
instrumentos bonitos), independentemente dos equipamentos em questão.
Seu amor era absorvido por coisas, máquinas enquanto tais. O perturbador
— porque torna tão desesperançoso atuar contrariamente a isso — é que
esta tendência de desenvolvimento encontra-se vinculada ao conjunto da
civilização. Combatê-lo significa o mesmo que ser contra o espírito do
mundo; e desta maneira apenas repito algo que apresentei no começo como
sendo o aspecto mais obscuro de uma educação contra Auschwitz.
Afirmei
que aquelas pessoas eram frias de um modo peculiar. Aqui vêm a
propósito algumas palavras acerca da frieza. Se ela não fosse um traço
básico da antropologia, e, portanto, da constituição humana como ela
realmente é em nossa sociedade; se as pessoas não fossem profundamente
indiferentes em relação ao que acontece com todas as outras, executando o
punhado com que mantêm vínculos estreitos e possivelmente por
intermédio de alguns interesses concretos, então Auschwitz não teria
sido possível, as pessoas não o teriam aceito. Em sua configuração atual
— e provavelmente há milênios —- a sociedade não repousa em atração, em
simpatia, como se supôs ideologicamente desde Aristóteles, mas na
persecução dos próprios interesses frente aos interesses dos demais.
Isto se sedimentou do modo mais profundo no caráter das pessoas. O que
contradiz, o impulso grupal da chamada lonely crowd, da massa solitária,
na verdade constitui uma reação, um enturmar-se de pessoas frias que
não suportam a própria frieza mas nada podem fazer para alterá-la. Hoje
em dia qualquer pessoa, sem exceção, se sente mal-amada, porque cada um é
deficiente na capacidade de amar. A incapacidade para a identificação
foi sem dúvida a condição psicológica mais importante para tornar
possível algo como Auschwitz em meio a pessoas mais ou menos civilizadas
e inofensivas. O que se chama de "participação oportunista" era antes
de mais nada interesse prático: perceber antes de tudo a sua própria
vantagem e não dar com a língua nos dentes para não se prejudicar. Esta é
uma lei geral do existente. O silêncio sob o terror era apenas a
conseqüência disto. A frieza da mônada social, do concorrente isolado,
constituía, enquanto indiferença frente ao destino do outro, o
pressuposto para que apenas alguns raros se mobilizassem. Os algozes
sabem disto; e repetidamente precisam se assegurar disto.
Não me
entendam mal. Não quero pregar o amor. Penso que sua pregação é vã:
ninguém teria inclusive o direito de pregá-lo, porque a deficiência de
amor, repito, é uma deficiência de todas as pessoas, sem exceção, nos
termos em que existem hoje. Pregar o amor pressupõe naqueles a quem nos
dirigimos uma outra estrutura do caráter, diferente da que pretendemos
transformar. Pois as pessoas que devemos amar são elas próprias
incapazes de amar e por isto nem são tão amáveis assim. Um dos grandes
impulsos do cristianismo, a não ser confundido com o dogma, foi apagar a
frieza que tudo penetra. Mas esta tentativa fracassou; possivelmente
porque não mexeu com a ordem social que produz e reproduz a frieza.
Provavelmente até hoje nunca existiu aquele calor humano que todos
almejamos, a não ser durante períodos breves e em grupos bastante
restritos, e talvez entre alguns selvagens pacíficos. Os utópicos
freqüentemente ridicularizados perceberam isto. Charles Fourier, por
exemplo, definiu a atração como algo ainda por ser constituído por uma
ordem social digna de um ponto de vista humano. Também reconheceu que
esta situação só seria possível quando os instintos não fossem mais
reprimidos, mas satisfeitos e liberados. Se existe algo que pode ajudar
contra a frieza como condição da desgraça, então trata-se do
conhecimento dos próprios pressupostos desta, bem como da tentativa de
trabalhar previamente no plano individual contra esses pressupostos.
Agrada pensar que a chance é tanto maior quanto menos se erra na
infância, quanto melhor são tratadas as crianças. Mas mesmo aqui pode
haver ilusões. Crianças que não suspeitam nada da crueldade e da dureza
da vida acabam por ser particularmente expostas à barbárie depois que
deixam de ser protegidas. Mas, sobretudo, não é possível mobilizar para o
calor humano pais que são, eles próprios, produtos desta sociedade,
cujas marcas ostentam. O apelo a dar mais calor humano às crianças é
artificial e por isto acaba negando o próprio calor. Além disto o amor
não pode ser exigido em relações profissionalmente intermediadas, como
entre professor e aluno, médico e paciente, advogado e cliente. Ele é
algo direto e contraditório com relações que em sua essência são
intermediadas. O incentivo ao amor ----- provavelmente na forma mais
imperativa, de um dever — constitui ele próprio parte de uma ideologia
que perpetua a frieza. Ele combina com o que é impositivo, opressor, que
atua contrariamente à capacidade de amar. Por isto o primeiro passo
seria ajudar a frieza a adquirir consciência de si própria, das razões
pelas quais foi gerada.
Para terminar gostaria ainda de discorrer
brevemente a respeito de algumas possibilidades de conscientização dos
mecanismos subjetivos em geral, sem os quais Auschwitz dificilmente
aconteceria. O conhecimento desses mecanismos é uma necessidade; da
mesma forma também o é o conhecimento da defesa estereotipada, que
bloqueia uma tal consciência. Quem ainda insiste em afirmar que o
acontecido nem foi tão grave assim já está defendendo o que ocorreu, e
sem dúvida seria capaz de assistir ou colaborar se tudo acontecesse de
novo. Mesmo que o esclarecimento racional não dissolva diretamente os
mecanismos inconscientes — conforme ensina o conhecimento preciso da
psicologia —, ele ao menos fortalece na pré-consciência determinadas
instâncias de resistência, ajudando a criar um clima desfavorável ao
extremismo. Se a consciência cultural em seu conjunto fosse efetivamente
perpassada pela premonição do caráter patogênico dos traços que se
revelaram com clareza em Auschwitz, talvez as pessoas tivessem evitado
melhor aqueles traços.
Além disso seria necessário esclarecer
quanto à possibilidade de haver um outro direcionamento para a fúria
ocorrida em Auschwitz. Amanhã pode ser a vez de um outro grupo que não
os judeus, por exemplo os idosos, que escaparam por pouco no Terceiro
Reich, ou os intelectuais, ou simplesmente alguns grupos divergentes. O
clima ---- e quero enfatizar esta questão — mais favorável a um tal
ressurgimento é o nacionalismo ressurgente. Ele é tão raivoso justamente
porque nesta época de comunicações internacionais e de blocos
supranacionais já não é mais tão convicto, obrigando-se ao exagero
desmesurado para convencer a si e aos outros que ainda têm substância.
De
qualquer modo, haveria que mostrar as possibilidades concretas da
resistência. Por exemplo, a história dos assassinatos por eutanásia, que
acabaram não sendo cometidos na dimensão pretendida pelos nazistas na
Alemanha, graças a resistência manifestada. A resistência limitava-se ao
próprio grupo; e justamente este é um sintoma bastante notável e amplo
da frieza geral. Além de tudo, porém, ela é limitada também em face da
insaciabilidade presente no princípio das perseguições. Em última
instância, qualquer pessoa não-pertencente ao grupo perseguidor pode ser
atingida; portanto, existe um interesse egoísta drástico a que se
poderia apelar. Enfim, seria necessário indagar pelas condições
específicas, históricas, das perseguições. Em uma época em que o
nacionalismo é antiquado, os chamados movimentos de renovação nacional
são, ao que tudo indica, particularmente sujeitos a práticas sádicas.
Finalmente,
o centro de toda educação política deveria ser que Auschwitz não se
repita. Isto só será possível na medida em que ela se ocupe da mais
importante das questões sem receio de contrariar quaisquer potências.
Para isto teria de se transformar em sociologia, informando acerca do
jogo de forças localizado por trás da superfície das formas políticas.
Seria preciso tratar criticamente um conceito tão respeitável como o da
razão de Estado, para citar apenas um modelo: na medida em que colocamos
o direito do Estado acima do de seus integrantes, o terror já passa a
estar potencialmente presente.
Em Paris, durante a emigração,
quando eu ainda retornava esporadicamente à Alemanha, certa vez Walter
Benjamin me perguntou se ali ainda havia algozes em número suficiente
para executar o que os nazistas ordenavam. Havia. Apesar disto a
pergunta é profundamente justificável. Benjamm percebeu que, ao
contrário dos assassinos de gabinete e dos ideólogos, as pessoas que
executam as tarefas agem em contradição com seus próprios interesses
imediatos, são assassinas de si mesmas na medida em que assassinam os
outros. Temo que será difícil evitar o reaparecimento de assassinos de
gabinete, por mais abrangentes que sejam as medidas educacionais. Mas
que haja pessoas que, em posições subalternas, enquanto serviçais, façam
coisas que perpetuam sua própria servidão, tornando-as indignas; que
continue a haver Bojeis e Kaduks, contra isto é possível empreender algo
mediante a educação e o esclarecimento.
___________________
fonte: (http://www.educacaoonline.pro.br/index.php?option=com_content&view=article&id=179:educacao-apos-auschwitz&catid=11:sociologia&Itemid=22)
ADORNO e HORKHEIMER
Na
indústria, o indivíduo é ilusório não apenas por causa da padronização do modo
de produção. Ele só é tolerado na medida em que sua identidade incondicional
com o universal está fora de questão. Da improvisação do jazz até os tipos
originais do cinema, que têm de deixar a franja cair sobre os olhos para serem
reconhecidos como tais, o que domina é pseudo individualidade. O individual
reduz-se à capacidade do universal de marcar tão integralmente o contingente
que ele possa ser conservado como o mesmo. Assim, por exemplo, o ar de
obstinada reserva ou a postura elegante do indivíduo exibido numa cena de
determinada é algo que se produz em série exatamente como as fechaduras Yale,
que só por fracos de milímetros se distinguem umas das outras. As particularidades
do eu são mercadorias monopolizadas e socialmente condicionadas, que se fazem
passar por algo natural. Elas se reduzem ao bigode, ao sotaque francês, à voz
grave de mulher de vida livre (...): são como impressões digitais em cédulas de
identidade que, não fossem por elas, seriam rigorosamente iguais e nas quais a
vida e a fisionomia de todos os indivíduos – da estrela de cinema ao
encarcerado – se transformam, em face ao poderio do universal. A
pseudo-idividualidade é um processo para compreender e tirar da tragédia sua
virulência: é só porque os indivíduos não são mais indivíduos, mas sim mera
encruzilhadas das tendências do universal, que é possível reintegrá-los
totalmente na universalidade. A cultura de massas revela assim seu caráter
fictício que a forma do indivíduo sempre exibiu na era da burguesia, e seu
único erro é vangloriar-se por essa duvidosa harmonia do universal e do
particular.
ADORNO e HORKHEIMER. Dialética do esclarecimento
segunda-feira, 31 de outubro de 2011
MINHA ALMA (PAZ ARMADA) - O RAPPA
A minha alma tá armadaE apontada para a caraDo sossegoPois paz sem voz Paz sem vozNão é paz é medo
Às vezes eu falo com a vidaÀs vezes é ela quem diz Qual a paz que eu não queroConservarPara tentar ser feliz (x4)
As grades do condomínioSão para trazer proteção Mas também trazem a dúvidaSe é você que está nessa prisão Me abrace e me dê um beijoFaça um filho comigoMas não me deixe sentar Na poltrona no dia de domingo, domingoProcurando novas drogas
De aluguel nesse vídeo Coagido é pela pazQue eu não quero Seguir admitindo É pela paz que eu não quero, seguirÉ pela paz que eu não quero, seguirÉ pela paz que eu não quero, seguirAdmitindo
Às vezes eu falo com a vidaÀs vezes é ela quem diz Qual a paz que eu não queroConservarPara tentar ser feliz (x4)
As grades do condomínioSão para trazer proteção Mas também trazem a dúvidaSe é você que está nessa prisão Me abrace e me dê um beijoFaça um filho comigoMas não me deixe sentar Na poltrona no dia de domingo, domingoProcurando novas drogas
De aluguel nesse vídeo Coagido é pela pazQue eu não quero Seguir admitindo É pela paz que eu não quero, seguirÉ pela paz que eu não quero, seguirÉ pela paz que eu não quero, seguirAdmitindo
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FONTES (http://www.vagalume.com.br/o-rappa/a-minha-alma.html#ixzz1cO2RG7lF; http://youtu.be/Kp1o8wSzzTg;)domingo, 30 de outubro de 2011
TAXA DE DESEMPREGO EM SP 2006
Como se trata de
um gráfico complexo e com várias informações, iniciemos a discussão
esclarecendo, em primeiro lugar, o significado das siglas colocadas abaixo das
colunas azuis e amarelas:
~ Regiões Metropolitanas: RMS
- Região Metropolitana de São Paulo; RMBS - Região Metropolitana da Baixada
Santista; RMC - Região Metropolitana de Campinas.
~ RA - Regiões
Administrativas de Campinas, Registro, Sorocaba e São José dos Campos.
~ Aglomerados Urbanos: Central-Norte,
formado pelas Regiões Administrativas Centrais de Bauru, Franca e Ribeirão
Preto; e Noroeste, formado pelas Regiões Administrativas de Araçatuba, Barretos, Marília, Presidente
Prudente e São José do Rio Preto.
Além disso, temos
de esclarecer o significado de Taxa de Participação, que é a proporção de
pessoas com 10 anos ou mais que estavam trabalhando ou procurando emprego; e o
de Taxa de Desemprego que é a proporção de pessoas com 10 anos ou mais que não
estavam trabalhando.
Em seguida, prestemos
atenção para as duas primeiras colunas à esquerda; elas indicam as taxas
globais de participação (a amarela) e de desemprego (azul) para o Estado de São
Paulo - 58,9% e 15,3%, respectivamente. Pergunta: Qual é a região que
apresenta a taxa mais alta de participação?
Olhando o gráfico,
deveremos apontar a Região Metropolitana de São Paulo, com 63%, ou seja, em
cada 100 pessoas, 63 estavam trabalhando ou procurando emprego.
E qual a região
com a menor taxa? É a região de
Registro, com apenas 48,9%, ou seja, um pouco mais da metade da população não
trabalhou ou procurou emprego no ano de 2006.
E o que isso significa:
trata-se de uma região que oferece poucas oportunidades de trabalho e, como
consequência, temos a alta taxa de pessoas à margem
do mercado de trabalho.
Dirijamos o olhar para
as colunas azuis. Pergunta: Quais as regiões que apresentam a taxa mais alta
e a mais baixa de desemprego?
A resposta dos
alunos deve indicar, com as menores taxas, a região de Campinas, seja a
metropolitana, seja a administrativa, e a do Aglomerado Central-Norte, com
pouco mais de 11% de desempregados. É importante
destacar que essas são regiões com uma concentração significativa de indústrias,
como as do setor metalúrgico em Campinas e região e a de calçados em Franca. As
regiões administrativas de Registro e de São José dos Campos mostram as maiores
taxas de desemprego: 20,7% e 19,5%, respectivamente. Confirma-se, portanto,
que a região de Registro é a que apresenta as piores condições em termos do
mercado de trabalho.
Há ainda no
gráfico um dado que merece destaque: apesar de a Região Metropolitana de São
Paulo ter uma alta taxa de pessoas com participação no mercado de trabalho, ela
também mostra uma alta porcentagem de desempregados, 16,8%.
Como fechamento, ler
o trecho a seguir:
"O desemprego afeta com
intensidade diferenciada os diversos segmentos populacionais. De modo geral,
seu patamar é mais elevado entre crianças e adolescentes de 10 a 17 anos (43,9%)
e jovens de 18 a 24 anos (24,9%). Coerentemente com essa condição, as maiores
taxas também se observam entre os que não concluíram o Ensino Médio (20,5%) e
os que ocupavam a posição de filhos no domicílio (24,3%). Tal quadro não
apresenta diferenciações regionais relevantes". Pesquisa de Condições de Vida -
Mercado de Trabalho, 2006. p. 12. Fundação Seade. Disponível em: .
Acesso em: 10 jun. 2009.
______________
FONTE: (SP-SEE. Caderno do professor: sociologia, EM 2ª série, vol.3. São Paulo: SEE, 2009, pp.26-27)
FONTE: (SP-SEE. Caderno do professor: sociologia, EM 2ª série, vol.3. São Paulo: SEE, 2009, pp.26-27)
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